Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

EUA: Medida sobre aborto coloca em risco casamento gay e outros direitos

Documento vazado da Suprema Corte indica possível fim do direito à interrupção da gravidez e levanta questões sobre garantias reconhecidas pelo tribunal

Por Duda Gomes 4 Maio 2022, 19h49
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O vazamento na segunda-feira de um documento que indica que a Suprema Corte dos Estados Unidos deve votar para derrubar a lei que garante o direito ao aborto no país trouxe incertezas aos americanos acerca de muitos dos seus direitos. A decisão de 1973, conhecida como Roe vs Wade, garante às mulheres o direito ao aborto até a 28ª semana de gestação, mas o novo projeto seria similar ao do estado do Mississipi, que em 2018 sancionou uma lei que veta a interrupção da gravidez depois de 15 semanas, incluindo casos de estupro e incesto.

    O aborto está entre uma série de direitos fundamentais que o tribunal americano reconheceu, pelo menos em parte, como liberdades processuais “substantivas”, incluindo a contracepção, em 1965, o casamento inter-racial, em 1967, e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, em 2015.

    Se a Justiça americana derrubar a decisão Roe vs. Wade, o que pode acontecer já em julho, o aborto se tornaria instantaneamente ilegal em 22 estados. Com isso, esses direitos americanos poderiam estar ameaçados, por terem sido reconhecidos pela Suprema Corte “recentemente”.

    Em entrevista à imprensa na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, criticou o ex-presidente Donald Trump por apoiar grupos extremistas, como a ‘multidão Maga’, nomeada pelo slogan eleitoral de Trump ‘faça a América grande novamente’ (Maga, em inglês). O grupo apoia agendas conservadoras, como o fim da legalização do aborto.

    Continua após a publicidade

    “Quais são as próximas coisas que serão atacadas? Porque essa turma da Maga é realmente a organização política mais extrema que existe na história americana. Isso é muito mais do que aborto”, disse o democrata. “O que acontece se um estado mudar a lei, dizendo que crianças que são LGBTQ não podem estar em salas de aula com outras crianças? Isso é legítimo?”.

    A questão está cada vez mais preocupante, uma vez que a maioria do tribunal é conservadora – com seis juízes contra três progressistas –, e tornou-se cada vez mais assertiva em suas pautas.

    A decisão Roe vs. Wade é uma das mais importantes da Justiça americana e contenciosas do tribunal do século 20, pois reconheceu o direito à privacidade pessoal sob a Constituição americana e protege a capacidade da mulher de interromper sua gravidez.

    A Suprema Corte confirmou a autenticidade do rascunho vazado, mas o chamou de preliminar. De acordo com o juiz que escreveu o documento, Samuel A. Alito, o direito ao aborto reconhecido no caso deve ser derrubado porque não é válido sob o direito ao devido processo legal da 14ª Emenda da Constituição. Ele também argumentou que o aborto não está “profundamente enraizado” na história e tradição dos Estados Unidos e rejeitou os argumentos de que é essencial por razões de privacidade e autonomia corporal.

    Este foi o mesmo argumento que Alito usou para rejeitar a proposta de casamento de pessoas do mesmo sexo, em 2015, na qual ele disse que a promessa do devido processo legal da 14ª Emenda protege apenas direitos profundamente enraizados na história e tradição dos Estados Unidos.

    Mesmo que esses direitos não sejam explicitamente mencionados na Constituição, eles estão ligados à privacidade pessoal, autonomia, dignidade e igualdade. Outros direitos podem ser considerados por juízes conservadores como fora dessa estrutura envolvendo direitos “profundamente enraizados” na história americana.

    No documento, o juiz distinguiu o aborto de outros direitos porque destrói uma “vida potencial”, mas não fez questão de explicar de maneira significativa como essa diferença pode ser aplicada na prática.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.