Os Estados Unidos impuseram nesta terça-feira 22 sanções a cinco iranianos que, em nome da Guarda Revolucionária do Irã, forneceram armamentos e conhecimento técnico sobre mísseis balísticos para o Tesouro, grupo religioso armado em conflito com o governo central do Iêmen e com a Arábia Saudita.
As novas sanções fazem parte de um amplo esforço do governo de Donald Trump de pressionar o Irã a abandonar totalmente seu programa nuclear e de sufocar supostas ingerências militares de Teerã no Oriente Médio. Ao retirar-se do acordo nuclear firmado por seis potências em 2015 com o Irã, em 8 de maio, Washington voltou a impor sanções financeiras contra os setores financeiro e petroleiro desse país.
Os huthis foram responsáveis por lançar mísseis contra Riad, a capital saudita, no último dia 9 . Anteriormente, atacaram o Aeroporto Internacional King Khalid e um navio da Marinha americana em operação em águas internacionais, de acordo com o governo americano.
Segundo comunicado do Departamento do Tesouro americano, os alvos das mais novas sanções são Mehdi Azarpisheh, Mohammad Jafari, Mahmud Kazemabad, Javad Shir Amin e Sayyed Mohammad Tehrani. Todos tiveram propriedades nos Estados Unidos indisponibilizadas. Os cidadãos americanos estão proibidos de fazer negócios com eles, assim como instituições financeiras estrangeiras estarão suscetíveis às sanções se fecharem contratos com os cinco iranianos.
Essas sanções tiveram como base a conclusão do Painel de Especialistas das Nações Unidas de que mísseis e outros equipamentos militares em poder dos huthis tinham sido fabricados pelo Irã.
“As ações deles tornaram possível aos huthis lançar mísseis contra cidades sauditas e infraestruturas petroleiras. Eles também impossibilitaram esforços de ajuda humanitária no Iêmen e ameaçaram a livre navegação em áreas importantes das águas regionais”, disse o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, por meio de comunicado. “Os Estados Unidos não vão tolerar o apoio iraniano para os rebeldes huthis, que estão atacando nosso importante aliado, a Arábia Saudita.”
Mnuchin ainda fez um apelo a todos os países do Oriente Médio para estarem atentos ao envio de pessoal, armas e fundos pelo Irã a seus aliados no Iêmen. Segundo o comunicado, o regime iraniano “abusa” do sistema financeiro do Iraque e dos Emirados Árabes, por meio da Guarda Revolucionária, para dar apoio a seus aliados.
Na segunda-feira 21, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, declarou que seu país apenas concordará com um novo acordo nuclear se o Irã aceitar doze condições. Entre elas, o fim absoluto do programa atômico iraniano e do programa de mísseis balísticos. Pompeo advertiu que, enquanto Teerã não aceitar essas condições, os Estados Unidos vão impor “as sanções mais fortes da história” para forçar o Irã a “mudar seu comportamento”.
Soco na boca
O governo do Irã reagiu às declarações de Pompeo ao qualificá-las como “infundadas, insultantes e intervencionistas”, além de “uma tentativa covarde de desviar a atenção da opinião pública mundial do movimento ilegal de Washington (sua saída unilateral do acordo nuclear de 2015) e do descumprimento das obrigações derivadas do pacto”.
Por meio de comunicado, o Ministério de Relações Exteriores iraniano considerou a atitude de Pompeo como “uma grande ingerência em seus assuntos internos e uma ameaça ilegal contra um membro das Nações Unidas”. Teerã advertiu que “se reserva o direito de empreender ações legais” contra os Estados Unidos, mas não adiantou quais seriam.
“Os EUA que, mesmo com a oposição de todos os países do mundo, exceto de um punhado de pequenos regimes, descumpriram todas as suas obrigações políticas, legais e internacionais. Eles não estão em condições de impor exigências ao Irã, que cumpriu os seus compromissos (com o acordo nuclear)”, ressaltou o ministério.
Um comandante militar iraniano foi mais direto ao dizer que o povo iraniano deve reagir a Pompeu com um soco na boca, segundo a agência de notícias Ilna. “O povo do Irã deve permanecer unido diante disto e dar um murro forte na boca do secretário de Estado americano e de qualquer um que o apoie”, afirmou Ismail Kowsari, vice-comandante da base da Guarda Revolucionária de Sarollah, em Teerã.
“Quem são você e a América para nos mandarem limitar o alcance de nossos mísseis balísticos?”, questionou Kowsari, referindo-se a uma das doze exigências americanas. “A história mostrou que, com os ataques contra Hiroshima e Nagasaki, a América é a maior das criminosas no tocante a mísseis.”, acrescentou.
(Com Reuters e EFE)