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EUA e Brasil atuarão em parceria contra regimes autoritários, diz Pompeo

Chanceler Araújo nega alinhamento da política externa com Washington e diz que governo fará defesa 'absoluta' dos direitos humanos

Por Denise Chrispim Marin 2 jan 2019, 11h00
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  • Recebido na manhã desta quarta-feira pelo chanceler Ernesto Araújo, o secretário americano de Estado, Mike Pompeo, declarou que os governos do Brasil e dos Estados Unidos trabalharão juntos contra “regimes autoritários no mundo. Conforme afirmou, o “desejo profundo” de retomada da democracia na Venezuela, em Cuba e na Nicarágua foi tratado nas conversas bilaterais. Pompeo, entretanto, esquivou-se de responder sobre possível ação militar conjunta dos dois países na Venezuela.

    “É inquestionável que as Nações trabalham melhor quando elas compartilham valores que as definem. Os povos dos Estados Unidos e do Brasil compartilham valores como Democracia e liberdade. A transmissão de governo que assistimos aqui não acontece em muitas partes do mundo. Na Venezuela, em Cuba e na Nicarágua, as pessoas têm dificuldades para expressar suas opiniões e de contar com governos responsáveis por elas”, desconversou Pompeo durante entrevista conjunta à imprensa no Itamaraty.

    Provocado pela imprensa, o chanceler Araújo rejeitou a avaliação de que há tendência de alinhamento da política externa brasileira com a dos Estados Unidos no governo de Jair Bolsonaro. Conforme declarou, o Brasil fará “um alinhamento consigo mesmo, com o povo brasileiro”, e não com outros países. “A relação entre os Estados Unidos e o Brasil é o resultado desse realinhamento (interno)”, afirmou. “O Brasil tem de se colocar como um país grande, que trabalha pelos ideais de seu povo e para gerar oportunidades para ele”, completou o chanceler.

    Em entrevista na semana passada, uma autoridade do Departamento de Estado deixou claro que Pompeu tentaria, em Brasília, atrair o Brasil para a estratégia americana para lidar com o regime autoritário de Nicolás Maduro na Venezuela. Também indicou sua intenção de convencer o governo de Bolsonaro a adotar sua agenda de restrição à compra de terras e a outros investimentos por empresas chineses e a manter uma conexão de ambos os países em questões de comércio internacional, mudança do clima e direitos humanos.

     

     

    Questionado sobre declarações anteriores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que o Brasil não seria o lugar adequado para os americanos fecharem negócios, Pompeo saiu-se com uma crítica indireta aos investidores da China. Mas admitiu que, em alguns momentos, é difícil fazer negócios tanto no Brasil como nos Estados Unidos. “O importante é haver oportunidades reais e justas de negócios, orientadas pela melhoria do bem estar de nossos povos e não por razões políticas”, afirmou, repetindo uma crítica recorrente de Washington a Pequim.

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    Pompeo e Araújo rumaram para o Palácio do Planalto logo depois de seu encontro. Lá, o secretário de Estado será recebido por Bolsonaro, que já prometeu retirar o país do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e denunciar os compromissos do Brasil com o Acordo de Paris sobre Mudança Climática e com o Acordo sobre Migrações.

    Indagado por uma jornalista da comitiva de Pompeo sobre as preocupações da sociedade civil brasileira com a agenda do governo de Bolsonaro para os direitos humanos, o chanceler Araújo afirmou ser esse receio “um resquício da campanha eleitoral”. “A defesa do Brasil aos direitos humanos é absoluta, e este governo até mesmo defenderá alguns direitos que não têm sido respeitados”, rebateu, sem dar exemplos. “Trabalharemos nessa área de maneira mais incisiva”, prometeu.

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