Na terça-feira 15, a Casa Branca admitiu que a paralisação parcial do governo, que já alcança seu 25° dia, está tendo um impacto maior que o inicialmente esperado na economia americana. O Conselho de Consultores Econômicos (CEA) duplicou as projeções de quanto o país vem perdendo em crescimento enquanto o impasse orçamentário em torno do muro com o México continua.
A revisão da estimativa feita pelos economistas de Donald Trump mostra que o “shutdown” representa um redução semanal de 0,13% em ganhos econômicos. Isso significa que o país já perdeu quase 0,5% de crescimento durante a paralisação atual, o que pode causar uma redução dos 2,2% de expansão no primeiro quadrimestre de 2018.
Apesar do vice-presidente americano, Mike Pence, ter minimizado os efeitos da paralisação em uma economia “forte”, as autoridades alertam Trump sobre o acúmulo de problemas, já que o governante também encara a desaceleração do crescimento global, uma guerra comercial com a China e os efeitos de um corte de US$1,5 trilhão em impostos.
Tentando amenizar os efeitos do congelamento, a administração de Trump chamou dezenas de milhares de empregados de volta ao trabalho, sem reestabelecer salários, para processar pagamentos, assegurar a segurança de voo e inspecionar comida e drogas. Segundo o jornal The New York Times, fontes da Casa Branca antecipam que a preocupação do governo com o impacto econômico irá crescer nos próximos dias, acelerando o fim do embate com o Congresso de maioria democrata. Outros próximos ao presidente americano acreditam que ele tem influência suficiente e o encorajam a se manter fiel a suas demandas.
Kevin Hassett, presidente do CEA, culpa os democratas pelos danos econômicos. Na última terça, ele explicou que a redução é um efeito acumulativo de salários federais confiscados e contratos não sendo cumpridos, o que resulta em menos investimento.
Durante pronunciamento à imprensa, tentando ilustrar as consequências da paralisação, Hassett disse que um dos membros licenciados de sua equipe começou a dirigir para a Uber como alternativa de renda.
Fidelidade em risco
Mas entre os eleitores de Trump, nem todos parecem concordar com a isenção que Hassett oferece ao presidente americano. Novas pesquisas mostram que o presidente vem perdendo popularidade entre seus apoiadores mais fortes: os americanos brancos sem ensino superior.
Neste grupo, apenas 45% disseram aprovar o trabalho do atual governante, de acordo com um levantamento recente da CNN, conduzido pelo órgão SSRS. É o nível de apoio mais baixo desta parcela da população desde o início do mandato de Trump. Nos resultados de dezembro, antes da paralisação parcial, 54% dos brancos sem ensino superior eram favoráveis ao trabalho do presidente.
Entre os brancos que possuem diploma universitário, a avaliação de Trump permanece estável e radicalmente negativa, com 64% de reprovação.
Uma pesquisa da Universidade de Quinnipiac divulgada na terça-feira 15 corrobora com esta tendência. Segundo os acadêmicos americanos, a aprovação do presidente permaneceu estável entre os brancos que tem apenas o segundo grau, mas a rejeição aumentou de 37% para 43%.
A pesquisa da CNN também relatou que uma maioria de 55% dos americanos culpa o governo Trump pela paralisação parcial do governo, enquanto apenas 32% responsabilizam os democratas no Congresso.
Em dezembro, o presidente havia afirmado que daria início à paralisação do governo, dizendo em uma reunião com os democratas que “tomaria a responsabilidade” e “não os culparia por isso”. Recentemente, ele mudou sua política e vem tentando atribuir a longevidade do congelamento ao partido de oposição.
Em 2016, dois terços dos eleitores americanos brancos e sem diploma superior votaram em Trump, e apenas 29% na antiga Secretária de Estado Hillary Clinton. Nas eleições de meio de mandato em 2018, 61% se mantiveram fieis ao Partido Republicano.
O impasse que causa a paralisação parcial do governo envolve a discordância entre o presidente Donald Trump e o Congresso sobre a segurança da fronteira com o México. Para serem aprovados, os gastos públicos têm de passar por dois terços da Câmara, depois alcançando o Senado, de maioria republicana. A exigência de 5 bilhões de dólares para a construção do muro foi vetada pela bancada democrata e culminou no governo fechado.
Órgãos federais considerados dispensáveis pararam de funcionar, enquanto os essenciais permanecem abertos sem remuneração para seus funcionários, com o pagamento congelado até o reestabelecimento do governo. A estimativa é de que mais de 800.000 pessoas estejam sem salário, incluindo mais de 41.000 envolvidos em serviços de segurança.
(Com CNN, The New York Times)