O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, disse que a expulsão de dois diplomatas americanos na Venezuela terá uma “resposta rápida”, segundo postagem em sua conta oficial no Twitter feita nesta quarta-feira 23. O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, também se pronunciou sobre o assunto, afirmando que a resposta dos Estados Unidos poderia ser inclusive mais ampla, sem oferecer detalhes.
As expulsões marcaram a mais recente escalada de tensão entre os dois países, depois que os Estados Unidos impuseram sanções contra o governo venezuelano em resposta pelo que denunciaram como eleições “falsas”. O pleito, que aconteceu no último domingo (20), não teve a participação da oposição e o atual presidente venezuelano, Nicolás Maduro, foi reeleito com 67,7% dos votos válidos.
“Recebemos uma notificação formal, responderemos de maneira apropriada, reciprocamente, talvez mais do que isso, apropriadamente. Continuamos monitorando o regime de Maduro e seu destrutivo comportamento contra o povo da Venezuela”, disse Pompeo durante um comparecimento no Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deu 48 horas a partir desta terça-feira para o encarregado de negócios dos Estados Unidos em Caracas, Todd Robinson, e seu braço-direito, Brian Naranjo, que exercia a função de chefe da seção política da embaixada, deixarem o país.
Maduro, além disso, acusou Robinson de participar de uma conspiração militar, econômica e política, assim como de ter “violado a lei internacional de maneira descarada”, e disse ter provas que serão apresentadas mais adiante.
O diplomata rejeitou essas acusações, uma postura que também foi defendida pelo Departamento de Estado americano, que qualificou de “falsas” as acusações de Maduro.
Antecipando-se à previsível expulsão do encarregado de negócios venezuelano nos Estados Unidos, Carlos Ron Ramírez, em virtude da reciprocidade diplomática, Maduro o nomeou vice-ministro de Relações Exteriores para a América do Norte e deixou vacante, por enquanto, o cargo em Washington.
Robinson estava como diplomata a menos de um ano em Caracas e era o mais alto representante dos Estados Unidos na Venezuela. Ambos os países não possuem embaixadores há oito anos, em razão de conflitos diplomáticos iniciados com a chamada revolução bolivariana, após a eleição de Hugo Chávez, em 1999.
Reprovação internacional
Os Estados Unidos, assim como o Brasil e outros países, não reconheceram a vitória de Maduro nas eleições de domingo, que foram boicotadas pela maior parte da oposição por considerá-las fraudulentas.
Sobre essa questão, Pompeo afirmou que os Estados Unidos “estão impondo uma nova pressão econômica sobre o regime de Maduro para ajudar o país a retornar à democracia” e, além disso, garantiu que está trabalhando com “os sócios regionais com ideias afins para que façam o mesmo”.
Nesta quarta-feira, os presidentes e primeiros-ministros das maiores economias do mundo – grupo conhecido como G7, composto por Canadá, Japão, Reino Unido, Estados Unidos, França, Alemanha, Itália – também divulgaram comunicado em que pressionam o governo venezuelano a convocar novas eleições no país. O grupo ainda acusa Maduro de “autoritarismo”.
Assinado pelos países-membros do grupo e com o apoio de outros integrantes da União Europeia (UE), o comunicado do bloco confirmou uma “rejeição ao processo eleitoral” na Venezuela. “Ao se recusar a aceitar padrões internacionais e ao não estabelecer garantias básicas para um processo democrático, inclusivo e justo, essa eleição e seu resultado não têm legitimidade ou credibilidade”, declararam os governos.
“Portanto, denunciamos a eleição presidencial venezuelana e seu resultado por não serem representativos da vontade democrática dos cidadãos da Venezuela”, indicaram os líderes. “O governo venezuelano perdeu a oportunidade para uma retificação política urgente.”
“Enquanto o regime de Nicolás Maduro solidifica seu controle autoritário, o povo da Venezuela continua a sofrer abusos de direitos humanos e sérias privações, causando o deslocamento cada vez maior e afetando países pela região”, apontaram.
“Pedimos ao regime de Maduro que restabeleça a democracia constitucional na Venezuela e organize eleições livres e justas que possam de fato refletir a vontade democrática do povo, que libere presos políticos, restaure a autoridade da Assembleia Nacional e garanta acesso a atores humanitários.”
(Com Reuters e EFE)