Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

EUA: Como caso de web designer cristã pode colocar direitos LGBT em risco

Empresária evangélica do Colorado se recusou a aceitar clientes gays e seu processo judicial chegou à Suprema Corte, que tem poder de reverter proteções

Por Amanda Péchy
Atualizado em 6 dez 2022, 10h22 - Publicado em 6 dez 2022, 10h21

Lorie Smith, uma cristã evangélica e dona da empresa de web design 303 Creative, que fica no Colorado, Estados Unidos, acredita que o casamento deve ser limitado a casais do sexo oposto. Embora o apoio dos americanos ao casamento gay tenha atingido recorde de 71% neste ano, segundo pesquisa Gallup, Smith não é a única que pensa assim. Só que quando passou a rejeitar clientes LGBT e processou, em 2016, a comissão de direitos civis do Colorado para não ser punida pela Lei Antidiscriminação do estado, ela deu início a um efeito cascata que chegou à Suprema Corte – e pode reverter o direito à união entre pessoas do mesmo sexto em todo o país.

A maioria conservadora da mais alta corte dos Estados Unidos começou a ouvir o caso na segunda-feira 5, e parece pronta para decidir que Smith tem o direito de se recusar a fornecer serviços para pessoas gays. Uma decisão favorável, segundo os juízes progressistas, pode permitir que certas empresas comecem a discriminar clientes com base nas proteções constitucionais à liberdade religiosa e de expressão.

Os juízes ouviram argumentos contundentes na apelação da empresária, buscando uma isenção de uma lei do Colorado que proíbe a discriminação com base na orientação sexual e outros fatores. Os tribunais inferiores decidiram a favor do Colorado.

A Lei Antidiscriminação do Colorado proíbe empresas abertas ao público de negar bens ou serviços a qualquer pessoa por causa de raça, gênero, orientação sexual, religião e outras características.

Continua após a publicidade

Os juízes conservadores indicaram apoio à visão de Smith de que as empresas que oferecem serviços criativos, como web design, são protegidas pela garantia da Primeira Emenda da Constituição (contra a restrição do governo à liberdade de expressão). Assim, não poderiam ser forçadas a expressar mensagens às quais se opõem por meio de seu trabalho. O tribunal tem uma maioria conservadora de 6 a 3.

Clarence Thomas, conhecido por ser o mais radical deste grupo de conservadores, disse que a empresa de Smith não se encaixa nas leis de acomodações públicas, já que “não é um hotel, não é um restaurante, não é um barco ou trem”. Essas leis proíbem a discriminação em áreas públicas e existem em muitos estados.

O caso dá aos conservadores da Suprema Corte outra chance de exercer seu poder após importantes decisões recentes que restringiram os direitos ao aborto e expandiram os direitos religiosos e de armas.

Continua após a publicidade

A juíza progressista Ketanji Brown Jackson, recentemente indicada ao tribunal pelo presidente Joe Biden, sugeriu que uma decisão apoiando Smith pode abrir caminho para vários casos discriminatórios. Ela citou o exemplo de um fotógrafo profissional que excluiu crianças negras de uma nostálgica foto de Natal com Papai Noel estilizada após a década de 1940 – uma época de segregação racial em partes do país – porque “eles estão tentando capturar os sentimentos de uma certa época.”

O tribunal tornou-se cada vez mais conservador nos últimos anos, apoiando os direitos religiosos e reivindicações relacionadas à liberdade de expressão – embora tenha apoiado os direitos LGBT em outros casos, como sua decisão histórica de 2015 que legalizou o casamento gay em todo o país.

A Suprema Corte, em 2018, decidiu a favor de Jack Phillips, um padeiro cristão da área de Denver que se recusou, por motivos religiosos, a fazer um bolo de casamento para um casal gay. Mas, nesse caso, não chegou a criar uma isenção de liberdade de expressão para as leis antidiscriminatórias. Como Phillips, Smith é representado pela Alliance Defending Freedom, um grupo conservador de direitos religiosos.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.