O Congresso dos Estados Unidos aprovou nesta sexta-feira, 22, um projeto de lei para o financiamento do governo no ano fiscal de 2024, no valor de US$ 1,2 trilhão, evitando uma paralisação parcial do funcionalismo público – que aconteceria neste sábado, 23, caso os legisladores não tivessem entrado em consenso. A decisão, porém, desencadeou uma espécie de motim do Partido Republicano, que ameaçou destituir o presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, como fizeram com seu antecessor por negociar com os democratas.
A votação aprovou o projeto por 286 votos a favor (e 134 contra), numa sessão em que os democratas se uniram para fazer frente aos republicanos linha dura. A legislação bipartidária foi meticulosamente negociada entre as duas alas do partido para manter de pé o fluxo de financiamento para agência governamentais, incluindo Pentágono e o Departamento de Segurança Interna.
O movimento enfureceu a ala mais extremista dos deputados republicanos, que iniciou um processo de moção para destituir Johnson, que partiu da estridente Marjorie Taylor Greene. De acordo com ela, a votação sobre a remoção do presidente da Câmara não seria imediata, mas representa um “aviso” sobre sua “traição”. Ela alardeou sua insatisfação no X, antigo Twitter.
The “Republican-controlled” House just passed a $1.2 trillion spending bill that doesn’t secure our border, but funds full term abortion and trans ideology on our youth.
I filed a Motion to Vacate because the House needs a Speaker who’s able to win for Republicans and our… pic.twitter.com/Ya9arl7G4v
— Rep. Marjorie Taylor Greene🇺🇸 (@RepMTG) March 22, 2024
O projeto já tramita agora no Senado. O senador Chuck Schumer, democrata de Nova York e líder da legenda na casa mais alta do legislativo, instou os colegas a permitirem a rápida aprovação do texto, o que espera-se que aconteça antes do sábado.
Vitória para ambos
Tanto democratas quanto republicanos afirmaram que conquistaram vitórias em questões-chaves durante as negociações do projeto de financiamento, apesar dos níveis gerais de gastos praticamente não terem mudado em relação ao ano passado, durante discussões sobre o teto da dívida. Os democratas comemoraram ter evitado cortes na educação, trabalho e saúde, enquanto que os republicanos disseram que reduziram os gastos com auxílios a países estrangeiros e grupos sem fins lucrativos que ajudam os migrantes.
Além disso, os republicanos ganharam a inclusão de uma série de disposições no pacote de despesas, incluindo o financiamento de 2 mil agentes da Patrulha de Fronteira (responsáveis pela segurança na divisa entre Estados Unidos e México), bem como mais vagas de detenção geridas pela Imigração e Fiscalização Aduaneira.