Apontado como mentor dos atentados de 11 de setembro de 2001, o terrorista islâmico Khalid Sheikh Mohammed participou de uma audiência no tribunal militar de Guantánamo nesta semana. Sua reaparição, confirmam autoridades americanas, demonstra a retomada do julgamento após a longa paralisação imposta pela covid.
Duas décadas após os atos terroristas, os Estados Unidos ainda lutam para dar início a um dos julgamentos mais aguardados de sua História. A demora, afirmam especialistas, é explicada por uma série de razões legais e até geográficas.
Um dos problemas consiste na localização de Guantánamo. Enclave americano na ilha de Cuba, a prisão foi utilizada pelo então presidente George Bush para deter homens ligados à rede terrorista Al Qaeda.
O problema, segundo a defesa, é que sua localização representa um pesadelo logístico, nas palavras da defesa. Ela está longe do território americano e tem difícil acesso.
Além disso, a defesa reclama do excesso de informações secretas. Foram necessários anos de espera para que os advogados de defesa conseguissem obter as evidências confidenciais contra seus clientes, e mesmo assim os defensores afirmam que ainda não têm tudo de que precisam.
Os advogados de defesa dizem que há um motivo principal para tanto aqui estar envolto em segredo: o governo ainda tenta esconder os detalhes do que aconteceu com os detidos que foram mantidos e torturados pela CIA em prisões secretas antes de serem transferidos para Guantánamo.
Além disso, o sistema de comissões militares montado para este julgamento foi criado do zero durante o governo de Barack Obama. Logo, sua montagem tornou-se um ponto de litígio permanente, com rotatividade de juízes e advogados.
Quando tudo parecia mais ou menos encaminhado, a designação de um novo juiz atrasou ainda mais o caso, até então, acreditava-se que seria iniciado em 2022.
Outro entrave é a estratégia da defesa, que questiona os fundamentos legais da comissão encarregada do julgamento.