EUA adiam envio de armas a Israel diante de invasão a Rafah
Casa Branca 'se preocupa' com danos que bombas de 900kg podem causar em ambiente urbano denso em Gaza, diz Reuters
O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, suspendeu o envio de um carregamento de armas para Israel na semana passada, em oposição à iminente invasão da cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza. A informação foi revelada nesta quarta-feira, 8, por um alto funcionário da Casa Branca à agência de notícias Reuters.
Biden tem pressionado o governo israelense para evitar um ataque em grande escala contra Rafah, que abriga cerca de 1,4 milhões de palestinos (mais da metade da população de Gaza), a maioria dos quais se refugiou na cidade devido a combates em outros pontos do enclave.
Segundo a Reuters, a Casa Branca começou a “revisar cuidadosamente” os envios planejados de armas específicas para Israel, que poderiam ser usadas em Rafah, a partir de abril. Naquele momento, Tel Aviv começou a dar indicações concretas de que considerava uma incursão terrestre na cidade.
“Como resultado dessa revisão, suspendemos um carregamento de armas na semana passada. Consiste em 1.800 bombas de 900 quilos e 1.700 bombas de 200 quilos”, disse o funcionário do governo americano à Reuters.
Mais especificamente, os carregamentos pausados envolviam Munições Conjuntas de Ataque Direto fabricadas pela Boeing, que convertem as chamadas “bombas mudas”, que não têm precisão, em bombas guiadas de alta precisão, bem como bombas de pequeno diâmetro.
“Estamos especialmente focados no uso final das bombas de 900 quilos e no impacto que elas poderiam ter em ambientes urbanos densos, como vimos em outras partes de Gaza. Ainda não tomamos uma decisão final sobre como proceder com este carregamento”, completou o funcionário.
Ainda segundo a agência de notícias, os embarques foram adiados por pelo menos duas semanas.
A pausa nos envios de insumos bélicos ocorre ao passo que Washington aumenta a pressão pública sobre Israel para adiar a sua planejada ofensiva em Rafah, pelo menos até que tenha tomado medidas para evitar mortes de civis.
Na terça-feira 7, as forças israelenses capturaram a principal passagem de fronteira entre Gaza e o Egito, em Rafah, cortando uma rota vital para a entrada de ajuda humanitária no enclave palestino. Além disso, iniciaram bombardeios à cidade, depois de terem ordenado a saída de 100 mil civis da àrea.
Sem abordar se houve realmente um atraso nos envios de armas americanas a Israel, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, reafirmou que o compromisso de Washington com a segurança do aliado no Oriente Médio era “firme”. Mas, quando questionada sobre os relatos de interrupção nas entregas de equipamentos bélicos, ela acrescentou: “Duas coisas podem ser verdadeiras. No sentido de que temos essas conversas duras e diretas com os nossos homólogos em Israel para garantir que as vidas dos cidadãos serão protegidas, e conseguir esse compromisso.”
O Pentágono disse na ssegunda-feira 6 que não houve uma “decisão política” para reter as entregas de armas a Israel, o aliado mais próximo dos Estados Unidos na explosiva região do Oriente Médio.
Porém, o adiamento dos envios foi o primeiro do tipo desde o início da guerra Israel-Hamas, durante a qual o governo Biden ofereceu todo o seu apoio a Tel Aviv.