O governo dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira, 4, que proibirá as viagens em cruzeiro a Cuba. A proibição desfere um golpe no setor turístico da ilha, a segunda maior fonte de faturamento do Estado cubano, atrás apenas da exportação de serviços profissionais.
O Departamento de Estado especificou em comunicado que “os EUA não permitirão as visitas a Cuba através de embarcações de passageiros e embarcações recreativas, incluindo cruzeiros e iates, assim como aviões privados e corporativos”.
Segundo uma porta-voz do Departamento de Estado, o governo decidiu manter os voos comerciais porque costumam ser usados pelos cubano-americanos para visitar suas famílias na ilha, enquanto os cruzeiros são usados para fazer turismo, algo de que os americanos são proibidos por lei.
Concretamente, essa fonte indicou que os EUA decidiram proibir as viagens em cruzeiro e iate, assim como os voos privados e corporativos, para impedir que “o regime cubano e seus serviços militares, que controlam a indústria do turismo em Cuba, tenham acesso a dólares”.
Em Cuba, muitos hotéis são propriedade de empresas controladas pelas Forças Armadas e gerenciados em regime de empresa mista por corporações estrangeiras, como o grupo Meliá, com sede na Espanha.
O Departamento de Comércio tinha indicado em comunicado que a medida entraria em vigor hoje mesmo, mas depois atualizou essa nota e explicou que começará a ser aplicada amanhã.
O governo dos EUA também anunciou hoje que, a partir de 5 de junho, os americanos estarão proibido fazer viagens culturais e educativas de contato com o povo cubano, conhecidas em inglês como “people to people” e que permitiram que milhares de pessoas visitassem a ilha desde a aproximação iniciada em 2014.
Esse aproximação impulsionada pelo então presidente americano, Barack Obama, e seu então homólogo cubano, Raúl Castro, facilitou as viagens a Cuba e estimulou o negócio às companhias aéreas e cruzeiros que começaram a fazer trajetos comerciais entre os dois países.
O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, alega que as novas restrições buscam fazer frente ao papel “desestabilizador” de Cuba na América Latina, especialmente pelo seu apoio ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e ao governante nicaraguense, Daniel Ortega.
“Fracassarão outra vez”
O governo cubano disse que será um fracasso as medidas anunciadas pelos Estados Unidos para restringir ainda mais as viagens dos cidadãos americanos a Cuba.
“Rejeitamos energicamente o anúncio dos EUA de novas sanções contra Cuba que restringem as viagens de americanos e endurecem o bloqueio. Pretendem asfixiar a economia e danificar o nível de vida dos cubanos para conseguirem concessões políticas. Fracassarão outra vez”, disse no Twitter o ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Rodríguez.
Desde que chegou à Casa Branca, em janeiro de 2017, Trump endureceu a política em relação a Cuba com reduções do pessoal diplomático, a ativação de uma lei que permite processos em tribunais americanos por bens desapropriados após a Revolução e sanções aos hotéis da ilha, aumentando o alcance do embargo econômico e comercial.
(Com EFE)