As Forças Democráticas da Síria (FDS), uma aliança de milícias apoiada pelos Estados Unidos, retomaram o controle de Raqqa, declarada pelo Estado Islâmico como a ‘capital’ de seu ‘califado’ na Síria. O grupo terrorista detinha o poder na cidade desde 2014, quando fez da área sua principal base de operações e palco de diversas atrocidades, e desde junho enfrenta sucessivas derrotas em batalhas contra a coalização de forças árabes e curdas amparadas por ataques aéreos americanos.
“As grandes operações militares em Raqqa foram encerradas”, declarou Talal Salo, porta-voz das FDS, à rede americana CNN, reiterando que “agora, a cidade passa por uma varredura de células adormecidas – caso elas existam – e de minas terrestres”. O porta-voz da coalização, o coronel americano Ryan Dillon, disse ser “provável que bolsões com soldados do Estado Islâmico venham a aparecer nos próximos dias”, mas ressaltou que as operações estão em sua fase final, tendo em vista a não realização de ataques aéreos no local na segunda-feira.
Um estádio e um hospital, considerados as últimas grandes áreas controladas pelo Estado Islâmico, foram tomados na manhã desta terça-feira. Os últimos estágios do combate estão sendo realizados em um trecho restrito da cidade, no entorno do estádio, de onde a bandeira negra do grupo terrorista foi removida. À agência de notícias Reuters, uma testemunha relatou que apenas disparos esporádicos são ouvidos, em meio às comemorações dos combatentes.
Cerca de trinta ônibus e dez caminhões foram usados para transportar soldados do Estado Islâmico e grãos para fora de Raqqa, informou nesta segunda-feira um coletivo de jornalistas locais, sem mencionar para onde foram levados. As forças terroristas, após perderem o controle de diversas regiões na Síria e no Iraque, controlam apenas uma pequena faixa de território no norte da Síria, às margens do Rio Eufrates. No Iraque, a presença do grupo é limitada a poucos territórios, incluindo as cidades de Rawa e Al Quaim, na fronteira com a Síria.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, um dos grupos responsáveis pelo anúncio da expulsão do Estado Islâmico de Raqqa, pelo menos 3.250 pessoas foram mortas na cidade desde a intensificação dos combates pela retomada da área, em 5 de junho. Entre os mortos, estão 1.130 civis, incluindo 270 crianças, e 2.120 combatentes.
Derrotas
O Estado Islâmico acumula derrotas e perdas de territórios importantes desde janeiro de 2015, quando foi expulso de Kobane, cidade síria na fronteira com a Turquia. Em março do mesmo ano, as forças terroristas foram derrotadas em Tikrit, no Iraque, por milícias xiitas com o apoio da coalização internacional. Em 2016, Ramadi e Fallujah, esta a primeira cidade capturada pelo grupo no Iraque, voltaram ao comando de Bagdá após batalhas intensas.
A tomada de Raqqa acontece pouco mais de três meses após a derrota do Estado Islâmico em Mossul, a segunda maior cidade do Iraque. A ofensiva durou quase nove meses, deixou matou milhares de civis e desalojou quase 1 milhão de pessoas. Segundo previsão das Nações Unidas, os reparos da infraestrutura básica de Mossul custarão mais de 1 bilhão de dólares.