Uma das regiões mais tensas do globo, a fronteira entre Israel e o Líbano experimenta dias de alerta máximo. No domingo 25, caças israelenses bombardearam mais de quarenta alvos da milícia xiita Hezbollah, que estaria preparando um ataque para vingar o assassinato de um de seus principais líderes, Fouad Shukr. O Hezbollah, em seguida, lançou cerca de 300 mísseis e drones contra alvos militares do outro lado da linha divisória, a maioria neutralizada no ar pelo Domo de Ferro, o sistema de defesa antiaérea de Israel. A troca de fogo suspendeu os voos nos aeroportos de Beirute e Tel Aviv e reforçou o temor de uma guerra regional de grandes proporções. Foi a pior escalada de violência entre os dois lados desde o início do conflito na Faixa de Gaza, em 7 de outubro do ano passado, desencadeado por atentados cometidos por outro grupo islâmico, o Hamas, contra o território israelense, que resultou na morte de 1 500 pessoas e no sequestro de 250. Em apoio aos palestinos de Gaza, o Hezbollah, financiado pelo Irã, passou a realizar ataques quase diários na fronteira, forçando o deslocamento de 60 000 pessoas do lado israelense e 110 000 no libanês. “Isso não é o fim da história”, alertou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu — que nos dias seguintes atiçou outra frente ao fechar cidades da Cisjordânia ocupada, em uma operação com blindados e helicópteros que deixou nove mortos. Sob pressão interna e externa, o governo de Netanyahu vem sendo acusado de prolongar as tensões para se manter no poder.
Publicado em VEJA de 30 de agosto de 2024, edição nº 2908