Após campanhas eleitorais marcadas por insegurança e violência, a população do Equador vai às urnas neste domingo, 20, para escolher seu novo presidente e os deputados da Assembleia Nacional. Nas últimas semanas, o país viu um dos presidenciáveis, Fernando Villavicencio, assassinado na saída de comício em uma escola, além da morte de outro líder político, Pedro Briones, filiado ao partido do ex-presidente Rafael Correa, também baleado. Houve ainda ataque a tiros e uma das candidatas ao parlamento foi atingida de raspão. Em meio a esse cenário, os eleitores vão definir seus novos representantes para um mandato mais curto, até 2025, após a destituição dos parlamentares pelo atual mandatário equatoriano, Guillermo Lasso, que convocou o novo pleito.
Candidato com discurso anticorrupção, Villavicencio foi morto após cerca de 40 disparos de arma de fogo no dia 9 de agosto após evento de campanha na capital do país, Quito. Os tiros também feriram sua escolta, e chocaram a população equatoriana, contribuindo para aumentar o cenário de insegurança no país. Ex-legislador e jornalista, aos 59 anos, ele não tinha larga trajetória política, ocupava o quinto lugar nas pesquisas e era citado como opção por 7,5% dos eleitores. Seu trabalho jornalístico foi a principal bandeira que o elegeu à Assembleia, onde atuava desde 2021, e na campanha deste ano liderava o partido Movimiento Construye com discurso de que o Equador havia se tornado um “narcoestado”. Horas antes de sua morte, Villavicencio havia afirmado que não usaria colete à prova de balas porque “a população seria seu escudo”.
Briones foi morto cinco dias após a morte de Villavicencio, quando chegava em sua casa em Esmeraldas, no Norte do país. Ele foi alvo dos disparos de dois homens que o surpreenderam em uma moto, e levou tiros na cabeça e no peito. Briones era dirigente partidário do Movimento Revolução Cidadã, mesmo partido do ex-presidente equatoriano Rafael Correa. Quando a segunda morte aconteceu, o país também já havia registrado o ataque a tiros contra uma política que pleiteia vaga na Assembleia Nacional.
Apesar do cenário violento, as urnas equatorianas devem receber mais de 13 milhões de cidadãos neste domingo. As eleições foram antecipadas depois de, em maio, o atual presidente, Lasso, assinar decreto que dissolveu a Assembleia Nacional e convocar o novo pleito. Ele comandava o país desde 2021 e teria mandato até 2025, mas recorreu a mecanismo constitucional ao se sentir emparedado pelo julgamento de seu impeachment entre os deputados, por suspeita de participação em esquema de peculato. Por isso, o novo presidente e os 137 parlamentares nacionais e provinciais eleitos ficarão no cargo somente até quando seria o fim do mandato de Lasso, ao final de 2025.
Na disputa presidencial, Luisa Gonzáles, do partido socialista Revolución Ciudadana (Revolução Cidadã), é quem liderava as pesquisas nos últimos dias, com defesa do resgate de programas sociais implementados pelo ex-presidente Correa. O jornalista Christian Zurita foi o nome que substituiu Villavicencio, e também ganhou aderência nos últimos dias, assim como o empresário Jan Topic.