O ministro das Relações Exteriores do Equador, José Valencia, afirmou, nesta quinta-feira 23, que o governo do país gastou 5,2 milhões de dólares (equivalente a cerca de 12,8 milhões de reais) para proteger o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, durante os sete anos em que o ativista viveu como refugiado na embaixada equatoriana em Londres, no Reino Unido.
Valencia também afirmou que os diplomatas que trabalham no local selaram os três espaços nos quais Assange passou a maior parte do tempo enquanto viveu na embaixada para proteger seus pertences.
No total, o Equador gastou mais de 6 milhões de dólares durante a estadia de Assange na embaixada. Cerca de 5,2 milhões de dólares foram investidos na contratação de empresas de segurança e para a instalação de equipamentos especiais para proteger o ativista.
Os dados foram revelados pela Controladoria-Geral do Estado (CGE) em um relatório preliminar e confirmados à Agência Efe pelo chanceler. Ainda houve, segundo Valencia, investimentos realizados antes da chegada de Assange à embaixada em 2012.
Valencia explicou que o Ministério das Relações Exteriores precisou justificar, como determina a lei, como o dinheiro estava sendo usado na embaixada. Um dos requerimentos que deveria ser cumprido é a realização de licitação para a contratação das empresas de segurança, processo que será analisado pela CGE.
O presidente do Equador, Lenín Moreno, decidiu retirar o asilo político de Assange em abril. O ativista foi entregue às autoridades do Reino Unido e enfrenta dois pedidos de extradição, um da Suécia e outro dos Estados Unidos, onde foi acusado formalmente hoje por divulgar centenas de milhares de documentos secretos.
Sobre a operação realizada pela Promotoria-Geral do Estado em Londres a pedido do Departamento de Justiça dos EUA para confiscar bens de Assange, Valencia disse que o Equador está respeitando o devido processo jurídico e que nenhum diplomata do país tocou nos objetos deixados pelo ativista no local.
“As salas foram seladas porque eram espaços próprios para o uso de Assange. Nesses locais – um dormitório e dois escritórios – nem sequer havia câmeras instaladas”, garantiu o chanceler.
Segundo o ministro, os diplomatas tiraram fotos de como o ativista deixou os cômodos antes de ser preso no Reino Unido.
A operação ocorreu, de acordo com Valencia, seguindo a Convenção Interamericana de Assistência Penal. Os EUA, como signatários do tratado, podem pedir a outro país, neste caso o Equador, que realize certos procedimentos para a apreensão de objetos.
“Esse é um ‘modus operandi’ completamente normal, que já ocorreu em múltiplas circunstâncias, que o Equador muitas vezes também pede a outras procuradorias”, disse o ministro.
Agora, os promotores decidirão se os pertences do fundador do WikiLeaks têm relevância jurídica necessária para serem enviados aos Estados Unidos.
(Com EFE)