Equador: Apoiadores de presidenciável assassinado prestam homenagens
Ex-legislador e jornalista foi assassinado quando saía de um evento de campanha na noite de quarta-feira, apenas duas semanas antes das votações
Familiares e apoiadores do candidato presidencial Fernando Villavicencio, morto à tiros nesta semana, participaram nesta sexta-feira, 11, de um memorial em Quito, no Equador. Ex-legislador e jornalista, ele foi assassinado quando saía de um evento de campanha na noite de quarta-feira, apenas duas semanas antes das votações, em meio a uma onda de violência no país.
“Meu filho deixou um legado de luta, de transparência, de sacrifício”, disse a mãe do candidato, Gloria Valencia, aos presentes. “Toda essa luta e tudo o que ele fez – espero que não seja uma mercadoria usada por outros.”
Além do evento realizado pelo partido de Villavivencio, Construye, em um centro de convenções da cidade, seus familiares participaram de uma missa, com cerca de 100 pessoas, em uma capela do cemitério Monte Olivo. Todas as homenagens foram realizadas com a presença intensa de escoltas policiais, enquanto a candidata à vice-presidente, Andrea Gonzalez, usava um colete à prova de balas.
“Fernando Villavicencio foi um líder, que com provas em mãos denunciou todas as máfias do Equador e esse é o motivo de sua morte”, desabafou a apoiadora Lola Alvarez à agência de notícias Reuters. “Não sei o que está acontecendo no meu país.”
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Em solidariedade, os adversários nas urnas Yaku Perez e Jan Topic suspenderam suas campanhas. A líder da corrida, com cerca de 30% das intenções de voto, Luisa Gonzalez, segue com os eventos políticos a todo vapor. Villavicencio ocupava o quinto lugar nas pesquisas, arrematando apenas 7,5% dos eleitores. Em entrevista à Rádio Caracol da Colômbia, sua esposa, Veronica Sarauz, alegou que o presidenciável “estava ciente de que as ameaças contra ele eram reais”.
“Sabemos que eles são os autores na prática”, acrescentou. “Mas precisamos saber quem são os autores intelectuais. Quem os contratou?”
Desde o atentado, seis suspeitos foram presos após buscas policiais, que encontraram armas e granadas em dos imóveis revistados. Um suspeito morreu, no entanto, durante troca de tiros com os agentes da segurança. Ele chegou a ser detido e transferido, mas não resistiu enquanto era levado para um hospital. Segundo documentos do sistema de justiça, o grupo também foi acusado de tráfico ilícito de substâncias. Todos já haviam antecedentes criminais no Equador e na Colômbia.
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Ainda nesta quarta-feira, a política Estefany Puente, que pleiteia uma vaga na Assembleia Nacional do país, também foi vítima de um ataque a tiros. Quando saía do carro, dois homens desconhecidos que atiraram contra o para-brisa, do lado do motorista, e fugiram. Apesar do susto, as balas atingiram de raspão o braço da candidata, mas não chegaram a ferir seu pai e um funcionário da campanha, que a acompanhavam.
A instabilidade no país levou o presidente equatoriano, Guilherme Lasso, a ordenar estado de emergência através do Decreto Executivo 841, devido a “grave comoção interna”, por 60 dias. A decisão revoga a anterior, de 23 de julho, que declarava estado de emergência no cantão de Durán, na província de Guayas, e nas províncias de Manabí e Los Ríos, depois do assassinato do prefeito de Manta, Agustín Intriago.