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Entrada na OCDE é principal conversa do Brasil com EUA, diz Guedes

Sobre o 'empurra-empurra' comercial, ministro reclama a negociadores americanos de ser tratado como 'se fosse chinês'

Por Julia Braun, de Washington D.C.
19 mar 2019, 14h44
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  • Pouco antes da visita do presidente Jair Bolsonaro (PSL) ao americano Donald Trump, o ministro da Economia, Paulo Guedes, definiu quais são as duas principais pautas econômicas do Brasil durante o encontro: o apoio para a entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a recriação do “fórum de CEOs”, com empresários brasileiros e americanos.

    “Estamos conversando, progredindo bastante. Nós gostaríamos de entrar para a OCDE. No nível de cooperação internacional, essa é a nossa primeira conversa”, afirmou o ministro da Economia. No encontro entre os presidentes, Guedes teve a boa notícia: Trump disse a jornalistas que, sim, os Estados Unidos vão apoiar a entrada do Brasil no organismo internacional.

    A solicitação brasileira foi apresentada em maio de 2017, durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), e representava um gesto de reaproximação do país das nações mais desenvolvidas do Ocidente. A adesão imporá ao Brasil a necessidade de adoção de reformas e de adequação de regras sobre a gestão econômica do governo e seu relacionamento com o setor privado.

    A organização aconselha seus membros, na sua maioria composta por países ricos, e é considerada uma influenciadora-chave na arquitetura econômica mundial. Os Estados Unidos, porém, vinha criando obstáculos para a inclusão de novos países, entre os quais o Brasil e a Argentina.

    Comércio

    Paulo Guedes queixou-se do tratamento dos negociadores americanos que, seguindo as diretrizes do governo Trump, estão buscando reduzir o déficit para os Estados Unidos no comércio com vários países, como a China. No entanto, Guedes acredita que, como o Brasil está em desvantagem nas negociações com os americanos, esse preceito não deveria ser aplicado. O Brasil acumulou, no passado, déficit de 8,3 bilhões de dólares nas trocas de bens com os Estados Unidos.

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    “Nós temos déficit comercial com os Estados Unidos. Eu falei para ele: ‘Você está misturando, está me tratando como se eu fosse chinês’. O discurso dele é que, se nós queremos entrar na OCDE, que é composta por economias maduras, vamos precisar sair do grupo dos favorecidos”, relatou ter dito aos negociadores americanos.

    As conversas deverão continuar, segundo o ministro, uma visita do secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, ao Brasil, acertada para ocorrer em abril.

    O ministro da Economia voltou a dizer que espera mais reciprocidade do país de Donald Trump nos acertos comerciais, o que chamou de “empurra-empurra”, com abertura para produtos brasileiros, como carne bovina e açúcar, para compensar a importação de outros, como carne de porco e etanol.

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    Fórum de CEOs

    Guedes também citou a recriação de um fórum entre empresários dos dois países. Segundo Paulo Guedes, a intenção é que esse comitê reúna os presidentes das companhias brasileiras que mais negociam com os Estados Unidos e vice-versa, estimulando o comércio entre os dois países.

    “É o segundo nível de conversa, que nós chamados de corporativo-empresarial. Nós estamos colocando lado a lado as doze empresas que fazem mais negócios com os Estados Unidos e as doze empresas americanas que mais negociam com o Brasil”, explicou o ministro.

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