Ao contrário do que havia previsto nesta semana o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza só deve ocorrer a partir deste sábado, 21, e não já nesta sexta. Os EUA fecharam um acordo para permitir o envio de suprimentos com Israel e Egito, país que faz fronteira com a cidade de Rafah, em Gaza. Dezenas de caminhões aguardam há dias a abertura da passagem.
A nova previsão foi dada nesta sexta pelo subsecretário-geral das Nações Unidas para assuntos humanitários, Martin Griffiths. “Nós estamos em negociações profundas e avançadas com todas as partes relevantes para garantir que uma operação de ajuda em Gaza comece o mais rápido possível. A primeira entrega deve começar amanhã ou depois”, disse, em Genebra.
O governo de Israel bloqueou o fornecimento de água, alimentos, eletricidade e combustível a Gaza dois dias depois do início da guerra. No último domingo, contudo, decidiu liberar o fornecimento de água. Nesta semana, Biden se reuniu com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em Tel Aviv e costurou a autorização para o envio de ajuda à região.
Em comunicado, o gabinete do premiê israelense disse que, desde que os fornecimentos não cheguem ao Hamas, “não impedirá” a entrada de alimentos, água e medicamentos. A mensagem não cita, no entanto, combustível, utilizado para abastecer os geradores de hospitais no local. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, apelou para que o suprimento também entre em Gaza.
“O combustível também é necessário para geradores hospitalares, ambulâncias e usinas de dessalinização – e instamos Israel a adicionar combustível aos suprimentos vitais autorizados a entrar em Gaza”, afirmou em coletiva de imprensa.
Esta será a primeira vez que os habitantes da Faixa recebem auxílio internacional desde o início do conflito Israel-Hamas, em 7 de outubro. Na última segunda, a OMS informou que Gaza tinha apenas 24 horas restantes de provisão de água potável para a população, escalando o problema humanitário na região.
O bloqueio na passagem de Rafah, a única entrada e saída da Faixa não controlada por Israel, impossibilitava o despacho de primeiros socorros para o pequeno e lotado trecho – antes da guerra, mais de 2 milhões de pessoas viviam no local.
Segundo Biden, as estradas próximas à passagem precisarão ser consertadas, em razão dos constantes bombardeios aéreos israelenses, para que os caminhões consigam passar. O democrata informou, ainda, que a reparação seria realizada nesta quinta-feira, em um trabalho que duraria oito horas, para a entrega dos suprimentos.
O líder americano acrescentou que a abertura seria restrita à ajuda humanitária, barrando evacuações de civis. Até o anúncio de Biden, o presidente egípcio, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, se mostrou relutante com a possibilidade do aumento do fluxo de refugiados palestinos em direção ao país no momento em que a passagem fosse autorizada. Ele, contudo, foi pressionado por diferentes governos, como o do Brasil, para a abertura de um corredor humanitário frente à guerra, que já contabiliza mais de 5.000 vítimas.