Em uma mensagem em vídeo gravada na cama do hospital em que se recupera, Jacob Blake, homem negro baleado nas costas por um policial branco em Wisconsin, Estados Unidos, afirmou que “dói respirar” e que sente constantes dores. Apesar dos ferimentos, que provavelmente o deixarão paraplégico, ele disse que “há muito mais vida para se viver”.
ASSINE VEJA
Clique e Assine“Eles podem tirar sua vida assim (estalar de dedos), cara, e não apenas sua vida, suas pernas – algo que você precisa para andar e continuar a vida”, disse Blake no vídeo postado no sábado por seu advogado, Ben Crump.
“Vinte e quatro horas, as 24 horas eu tenho dor, apenas dor”, disse. “Dói respirar, dói dormir, dói quando sou virado, dói para comer”, contou no vídeo, que foi visto mais de 1 milhão de vezes e teve cerca de 60.000 curtidas no Twitter.
#JacobBlake released this powerful video message from his hospital bed today, reminding everyone just how precious life is. #JusticeForJacobBlake pic.twitter.com/87CYlgPDBj
— Ben Crump (@AttorneyCrump) September 6, 2020
Blake, de 29 anos, foi ferido por um policial branco que atirou contra as costas do jovem sete ou oito vezes quando ele entrava em seu carro, no qual três de seus filhos estavam, no dia 23 de agosto, em Kenosha, no estado de Wisconsin.
A ação foi filmada por transeuntes e os dois policiais que tentaram prender Blake foram suspensos.
Três meses após a morte de George Floyd, os tiros contra Blake geraram uma nova onda de manifestações em várias cidades, mobilizando milhares de pessoas.
Os protestos de Kenosha começaram pacificamente na noite em que Blake foi baleado, mas a violência aumentou nas noites seguintes. Em 25 de agosto, duas pessoas morreram nas manifestações. Kyle Rittenhouse, jovem branco de 17 anos, foi detido e acusado pela morte de duas pessoas após disparar um rifle semiautomático contra manifestantes.
Na quinta-feira 3, o candidato democrata à Presidência dos EUA, Joe Biden, viajou a Kenosha e se encontrou com familiares de Blake, além de conversar com ele por telefone. A reunião foi fechada à imprensa e, segundo a equipe de campanha do democrata, envolveu pessoalmente o pai de Blake, duas irmãs e um irmão. A mãe da vítima conversou com os Biden por telefone.
Em contraste a Biden, o presidente americano, Donald Trump, que busca a reeleição em novembro, passou por Kenosha na terça-feira 1º, mas não se encontrou com a família da vítima. Trump mal disse o nome de Blake.
O mandatário, que se autointitula o candidato da “lei e ordem”, inspecionou as ruínas das lojas incendiadas durante os protestos que sucederam o ataque a Blake.
Trump agradeceu à polícia pela contenção das manifestações violentas, as quais costuma descrever como “terrorismo doméstico”. O candidato republicano, no entanto, se recusou a condenar as ações de Rittenhouse.