Terça-feira foi um dia difícil para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em um único dia, ele viu seu principal assessor econômico, Gary Cohn, renunciar ao cargo e a atriz pornô, Stormy Daniels, apresentar um processo pedindo a anulação do acordo de silêncio que assinou para não revelar uma suposta relação que os dois mantiveram anos atrás.
A Casa Branca confirmou que a saída de Cohn acontecerá nas próximas semanas. A renúncia se dá devido ao desacordo por parte do assessor sobre a imposição de tarifas às importações de aço e alumínio anunciadas por Trump na semana anterior.
“Gary foi o meu principal assessor econômico e fez um excelente trabalho ao dirigir nossa agenda, ajudando a realizar cortes tributários históricos e reformas, e impulsionando a economia americana mais uma vez”, indicou Trump em comunicado divulgado pelo escritório presidencial. “É um talento raro, e lhe agradeço seu dedicado serviço ao povo americano”.
Cohn é o último de uma longa série de renúncias entre os assessores mais próximos do presidente e seu anúncio ocorre poucos dias depois da divulgação da saída da fiel conselheira e diretora de Comunicações de Trump, Hope Hicks.
Embora a Casa Branca não tenha confirmado que Cohn tenha posto fim ao seu trabalho no governo americano por suas diferenças com Trump em matéria tarifária, é de conhecimento público que o ainda assessor econômico do multimilionário se opõe a tal medida.
O presidente anunciou na semana passada que imporá tarifas de 25% às importações de aço e de 10% às de alumínio, apesar da oposição de grande parte do seu partido e de Cohn.
O assessor destacou nesta quarta-feira que “foi uma honra” servir aos Estados Unidos, e “promulgar políticas econômicas a favor do crescimento em benefício do povo americano, em particular a aprovação de uma reforma tributária histórica”.
“Agradeço ao presidente por dar-me esta oportunidade e desejo a ele e ao governo grande sucessos no futuro”, disse Cohn em outra breve nota divulgada pela Casa Branca.
A saída de Cohn, liberal e defensor do livre-comércio, poderia ter um efeito dominó nas decisões econômicas do presidente e no setor financeiro, já que, em agosto do ano passado, a mera ameaça de sua saída do governo provocou uma queda dos mercados.
Processado por atriz pornô
Ainda na terça-feira, a atriz pornográfica Stormy Daniels apresentou um processo contra o Trump para anular um acordo de confidencialidade que assinou para não revelar uma suposta relação que os dois tiveram quando ele já era casado com Melania.
O advogado de Trump, Michael Cohen, foi quem assinou tal acordo e efetuou um pagamento de 130.000 dólares à Stormy pouco antes das eleições presidenciais de 2016, mas a atriz alega que o pacto não é válido, pois não foi assinado pelo agora presidente.
Stormy Daniels, cujo verdadeiro nome é Stephanie Clifford, pediu a um tribunal em Los Angeles que declare esse acordo “inválido, inaplicável e/ou nulo”.
Segundo o processo, anunciado no Twitter pelo advogado de Stormy, Michael Avenatti, a atriz pornô e o agora presidente mantiveram uma “relação íntima” entre o verão de 2006 até 2007, incluindo vários encontros em um hotel de Beverly Hills, Los Angeles.
Trump e a primeira-dama, Melania Trump, haviam se casado em janeiro de 2005 e o único filho do casal, Barron, nasceu em março de 2006.
No texto do processo, Avenatti afirma que Cohen abordou Stormy pouco antes das eleições presidenciais para selar um pacto de silêncio e proteger a imagem do magnata republicano, recheado naquele momento por vários escândalos.
O processo sugere que Trump esteva ciente do pagamento e que esse dinheiro pretendia influenciar o resultado da eleição. Também indica que, desde que o escândalo foi descoberto no início deste ano, Cohen tentou “intimidar” Stormy Daniels para manter seu silêncio e que a forçou a assinar um comunicado onde a atriz negou tudo.
A Comissão Eleitoral Federal dos Estados Unidos abriu uma investigação para verificar esse pagamento após uma denúncia por suposto desvio de fundos de campanha
(Com EFE)