Em reviravolta, Trump diz que vai faltar a julgamento por fraude
Após depoimento desastroso no banco de testemunhas, em novembro, republicano alega não ter nada a dizer e que caso consiste em 'interferência eleitoral'
O ex-presidente americano Donald Trump afirmou na noite de domingo 10 que não vai comparecer ao seu julgamento por fraude nesta segunda-feira, 11, no âmbito de um caso movido pela procuradoria-geral do estado de Nova York que acusa sua empresa de inflar o valor de propriedades para obter financiamentos melhores. A decisão marca uma mudança de estratégia, após um depoimento desastroso do antigo líder dos Estados Unidos em novembro, quando ocupou o banco das testemunhas pela primeira vez.
“Não tenho mais nada a dizer além de que isso é uma interferência eleitoral completa e total”, escreveu o principal candidato do Partido Republicano, como de praxe, em letras maiúsculas num post em sua rede social, a Truth Social.
Durante seu depoimento de novembro, Trump negou as irregularidades e, no mais, foi Trump – ora sarcástico, ora raivoso, divagando e entremeando as respostas atravessadas com as conhecidas queixas de “caça às bruxas”, “julgamento muito injusto” e motes eleitorais. “Responda à pergunta sem discursos”, repetiu várias vezes o juiz Arthur Engoron – que, por sinal, já deliberou pela culpa dos acusados.
O caso
Engoron definiu que Trump, os filhos Eric e Donald Jr. e vários executivos da Trump Organization são responsáveis por terem inflado o patrimônio do ex-presidente em mais de US$ 2 bilhões para obter condições favoráveis em empréstimos e seguros. O candidato republicano afirmou que as supervalorizações eram irrelevantes manobras, usuais na contabilidade, embora a maracutaia tenha resultado em ganhos ilícitos de US$ 168 milhões.
Entre os valores inflados estariam o resort de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, sua cobertura na Trump Tower, em Manhattan, e diversos outros edifícios e campos de golfe de propriedade do republicano.
Cabe ao juiz agora determinar a punição. A promotoria pede indenização de US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhão) ao estado, dissolução das empresas e proibição de que a família faça negócios em Nova York, o que desmantelaria o império imobiliário que precede a vida política de Trump e foi pedra fundamental de sua campanha. Nesta semana, a expectativa é de que o professor de contabilidade na Universidade de Nova York Eli Bartov conclua o caso da defesa e seja seguido por outras testemunhas convocadas pela procuradoria-geral do estado.
De processo em processo
O julgamento por fraude civil, que começou em outubro, é um dos vários desafios legais que o empresário enfrenta enquanto busca uma nova candidatura à Casa Branca. Trump enfrenta quatro acusações criminais federais e estaduais no total, duas delas conectadas às suas tentativas de reverter os resultados das eleições presidenciais de 2020. Ele se declarou inocente em todos os casos.
Por mais incriminatórios que sejam os processos, a condição de réu até agora não abalou em nada a vantagem do ex-presidente na corrida eleitoral de 2024. Segundo pesquisa do jornal The New York Times, Trump hoje venceria seu principal rival, o presidente Joe Biden, em cinco dos seis estados-chave para a definição do resultado da eleição do ano que vem.