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Em momento sensível, Alemanha corta ajuda militar à Ucrânia pela metade

Berlim aposta em financiar Kiev usando ativos russos congelados em bancos europeus; possível retorno de Trump já ameaça fluxo de fundos aos ucranianos

Por Da Redação
Atualizado em 17 jul 2024, 14h03 - Publicado em 17 jul 2024, 13h08
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  • A Alemanha traça planos para cortar pela metade a ajuda militar à Ucrânia no próximo ano, segundo um rascunho do orçamento para 2025 visto pela agência de notícias Reuters nesta quarta-feira, 17. O montante previsto para 2024, de 8 bilhões de euros, será reduzido para 4 bilhões de euros. A decisão ocorre enquanto paira sobre Kiev a possibilidade do ex-presidente americano Donald Trump, contrário ao financiamento da resistência ucraniana, retornar à Casa Branca após as eleições de novembro nos Estados Unidos.

    De acordo com Christian Lindner, ministro das Finanças alemão, Berlim considera que a transferência de rendimentos dos ativos russos congelados em bancos da Europa, cerca de US$ 50 bilhões, seja suficiente para suprir as necessidades militares da Ucrânia. A medida foi aprovada neste ano pela União Europeia.

    Além disso, o G7, grupo das sete maiores economias do mundo, também fez uma série de empréstimos adiantados ao país em guerra. Foi uma iniciativa patrocinada pelos Estados Unidos, com a qual lideranças europeias concordaram porque isso reduz a possibilidade de Kiev ficar sem fundos caso Trump seja eleito presidente.

    “O financiamento da Ucrânia está garantido para o futuro próximo graças aos instrumentos europeus e aos empréstimos do G7”, disse Lindner em coletiva de imprensa nesta quarta-feira.

    A ameaça de Trump

    Quando o ex-presidente americano, e agora oficial candidato do Partido Republicano, anunciou J.D. Vance como seu colega de chapa, a Europa acendeu novo alarme. O senador por Ohio é um dos mais vocais críticos do financiamento da resistência contra a guerra de Vladimir Putin e foi protagonista do movimento que travou, por meses, um novo pacote de ajuda à Ucrânia no Congresso dos Estados Unidos. “A América não pode passar cheques em branco indefinidamente”, afirmou na época.

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    O próprio Trump não reconhece nenhum mérito na ajuda americana a Kiev e ameaçou os parceiros da Otan a deixar a Rússia “fazer com eles o que bem entendesse” se não pusessem mais dinheiro na aliança. Há especulação até sobre ele retirar os Estados Unidos do grupo de 32 países, o que seria uma tragédia para os europeus que contam com dos dólares americanos para sua defesa.

    Forças militares alemãs

    Os estoques das forças armadas da Alemanha, já debilitados por décadas de baixo investimento, foram ainda mais esgotados pelo fornecimento de armas a Kiev. Até agora, Berlim doou três sistemas de defesa aérea Patriot a Kiev, mais do que qualquer outro país, reduzindo para nove o número desses equipamentos em território alemão.

    A Alemanha, em paralelo, tem enfrentado críticas por falhar repetidamente uma meta da Otan de gastar 2% do seu PIB com o orçamento de defesa. A fragmentada coalizão no governo, composta por social-democratas de tendência esquerdista, liberais pró-negócios e partidos ambientalistas, tem lutado para cumprir a meta de gastos por causa de regras auto-impostas que limitam o montante de empréstimos estatais.

    De acordo com o rascunho do orçamento para 2025, embora a ajuda militar à Ucrânia seja cortada, a Alemanha planeja cumprir a meta da Otan de gastar 2% do PIB com defesa, um total de 75,3 bilhões de euros. Será um desafio – neste ano, o montante reservado para o setor foi de 1,3 bilhões de euros, muito abaixo do requisitado pelo ministro da Defesa, Boris Pistorius, 6,7 bilhões de euros. Isso mesmo depois do chanceler Olaf Scholz, diante da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022, ter anunciado um “Zeitenwende” – em alemão, ponto de virada histórico – com um fundo especial para atualizar as forças armadas.

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