Apesar de alertas de até quinze anos de prisão, pequenos grupos de manifestantes se reuniram nesta quarta-feira, 21, para criticar a decisão do presidente Vladimir Putin de declarar uma “mobilização parcial” de reservistas. Em Novosibirsk, na Sibéria, um protesto aconteceu na frente de uma das maiores estátuas ainda de pé do ex-líder soviético Vladimir Lênin, e diante da maior casa de ópera do país.
#Russia 🇷🇺: several dozen anti-mobilization protesters rallied in the eastern city of #Novosibirsk. pic.twitter.com/rM9o7OFbKq
— Thomas van Linge (@ThomasVLinge) September 21, 2022
Em um raro discurso gravado à nação, Putin pediu uma “mobilização parcial” de 300.000 pessoas com experiência militar. Embora Moscou tenha sofrido perdas significativas recentemente no campo de batalha, ele disse que os objetivos da Rússia na Ucrânia não mudaram e que a medida era “necessária e urgente” porque o Ocidente “ultrapassou todos os limites” ao fornecer armas sofisticadas à Ucrânia.
Outro ato foi registrado em Tomsk, onde a polícia chegou rapidamente para retirar os manifestantes, assim como em Novosibirsk.
"No to mobilization"
Small scale anti-mobilization protests are taking place in several cities of #Siberia following #Putin's announcement.
Protests are called all over #Russia 🇷🇺 at 19:00 local time. pic.twitter.com/PC7sxh9Oa3
— Thomas van Linge (@ThomasVLinge) September 21, 2022
Prevendo a impopularidade da decisão, a Procuradoria de Moscou alertou contra participação em qualquer tipo de protesto, além de publicações nas redes sociais “com informações convocando à participação em atos públicos”.
“A Procuradoria de Moscou alerta que a distribuição de tal material, assim como a participação em ações ilegais, são puníveis sob a atual legislação administrativa e criminal”, podendo ser vista como “uma ofensiva administrativa, punível incluindo sob forma de prisão por até 15 anos”.
A mobilização torna obrigatória por lei para os reservistas que são oficialmente convocados para se apresentarem ao serviço, sob pena de multas ou acusações. O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse que estudantes não seriam convocados para lutar e que os recrutas não seriam enviados para a “zona de operações especiais”, o termo que o Kremlin usa para se referir à guerra.
O número de soldados russos, incluindo separatistas alinhados com a Rússia, membros de empresas de segurança privada e voluntários, atualmente não excede 200.000, segundo estimativas de analistas e especialistas militares. Se a mobilização parcial for bem-sucedida, os novos recrutas mais que dobrarão essa quantidade, tornando mais fácil para a Rússia defender as linhas de frente na Ucrânia.
Para além dos atos de revolta à decisão, quase todos os voos para fora da Rússia foram esgotados nesta quarta-feira, poucas horas depois da declaração de mobilização. Dados do Google Trends mostraram um aumento nas buscas pelo Aviasales, o site mais popular da Rússia para comprar voos. O anúncio de Putin provocou temores de que alguns homens em idade de lutar não seriam autorizados a deixar o país.
Os voos de Moscou para as capitais da Geórgia, Turquia e Armênia, todos destinos que permitem a entrada de russos sem visto, foram esgotados apenas minutos depois do anúncio de Putin, segundo dados da Aviasales.