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Em eleição, Macri tenta afastar o fantasma de Cristina Kirchner

Presidentes argentinos que ganham eleições de metade de mandato tendem a completar oito anos na Casa Rosada

Por Duda Teixeira, de Buenos Aires
Atualizado em 21 out 2017, 16h22 - Publicado em 21 out 2017, 10h02
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  • Com menos de dois anos de governo, o presidente da Argentina Mauricio Macri irá passar neste domingo, dia 22, pelo seu mais duro teste político.

    Neste dia, os argentinos irão às urnas para renovar metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado. Com pouco tempo para que suas reformas econômicas pudessem provocar efeitos positivos, o maior risco para o presidente é o de que sua antecessora no cargo, Cristina Kirchner, possa recuperar influência no quadro político nacional. Em entrevistas para jornais, ela constantemente refere a si mesma como a líder da oposição.

    Até agora, Cristina nunca perdeu uma eleição em que disputou. No pleito de 2015, seu candidato, Daniel Scioli, chegou a ficar em primeiro lugar no primeiro turno, com 37% dos votos. Macri teve 34%. O atual presidente só virou o jogo no segundo turno, ganhando com 51% dos votos.

    As pesquisas de opinião e os resultados das eleições primárias, realizadas em agosto, têm deixado Macri confiante. Algumas razões para isso são:

    Cristina deve perder em sua terra natal, Santa Cruz

    Nas primárias, o candidato da coalizão Cambiemos, de Macri, ficou 17 pontos percentuais à frente da candidata da Unidade Cidadã, partido criado por Cristina.

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    A coalizão de Macri, Cambiemos, deve ganhar mais espaço nas duas câmaras

    Baseado nos resultados das eleições primárias, a Cambiemos aumentará o número de cadeiras de 15 para 23 no Senado, de um total de 72. Na Câmara, a expansão será de de 86 para 104, de 257 assentos.

    Cristina deve chegar em segundo lugar na disputa pelo Senado na província de Buenos Aires

    Apesar de ter ganho o primeiro lugar na disputa pelo Senado nas primárias, por 0,21% de vantagem, as pesquisas estão pelo menos 2 pontos percentuais à frente para o seu opositor, Esteban Bullrich. Chamado de “candidato mudo”, Bullrich era um desconhecido que ocupou cargos no governo, como o Ministério da Educação. Para uma ex-presidente que durou dois mandatos, perder para um “poste” seria um péssimo sinal. O primeiro lugar na eleição ganhará duas cadeiras no Senado. O segundo lugar terá uma só. “Se Cristina entrar pela porta pequena, isto é, sem segundo lugar, sua sobrevida política não será muito longa”, diz Orlando D´Adamo, diretor do Centro de Opinião Pública da Universidade Belgrano, em Buenos Aires.

    Prefeitos antes ligados a Cristina estão se desgrudando dela

    Na Argentina, os eleitores que não querem votar em um único partido precisam cortam várias cédulas, que são impressas pelos partidos. Depois, juntam tudo em um envelope para deixar o voto a seu gosto. Prefeitos de várias cidades que antes estavam com Cristina  têm distribuído pedaços de papel já cortados, sem o pedaço de Cristina.

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    Se os prognósticos se confirmarem, Macri poderá afastar o fantasma de Cristina Kirchner por um bom tempo. Segundo o cientista político argentino Rosendo Fraga, em seis das sete eleições presidenciais desde 1983, ano em que o país voltou à democracia, as eleições legislativas que se seguiram, de metade do mandato, foram um bom augúrio para o pleito seguinte.

    Presidentes recém-eleitos que ganharam o pleito de meio de mandato terminaram o mandato e se reelegeram mais tarde.

    Pela matemática, se Macri for bem nas legislativas, ele teria mais seis anos na Casa Rosada.

    “Um provável triunfo de Macri na eleição legislativa consolidaria a Cambiemos como a primeira coalizão de centro-direita eleitoralmente bem-sucedida desde os anos 1930 na Argentina”, diz Fraga, diretor do Centro de Estudos União para a Nova Maioria, em Buenos Aires.

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