Em seu tradicional discurso de Ano Novo, o ditador norte-coreano Kim Jong-un voltou a admitir que o país enfrenta escassez de comida. Governante de um dos regimes mais fechados do mundo, Kim raramente expõe os problemas internos da Coreia do Norte. Em junho, porém, o ditador já havia mencionado o problema de alimentos na nação asiática.
Diante das dificuldades econômicas, que pioraram durante a pandemia de Covid-19, o ditador colocou como meta central para o ano “desenvolver e melhorar” os padrões de vida da sociedade norte-coreana. Segundo informa a agência de notícias estatal KCNA, Kim afirmou que 2022 será um ano de “vida ou morte” para o país.
Sem citar rivais como Coreia do Sul e os Estados Unidos, Kim Jong-un, que está no comando do país há dez anos, admitiu que o coronavírus impôs maior dificuldade para a economia do país e estabeleceu uma “importante tarefa para fazer progressos radicais na resolução do problema alimentar, de vestuário e habitação para o povo”. Para evitar um surto da pandemia no país, as fronteiras estão fechadas desde janeiro de 2020, quando o vírus começou a circular no continente asiático. Vale lembrar que a China é um dos principais parceiros comerciais da Coreia do Norte.
“A Coreia do Norte sempre foi muito dependente da China. Existe um conluio entre os países. Então essa afirmação serve como um aviso de que o país está precisando reforçar essa ligação com os chineses”, diz o economista Roberto Dumas, professor de economia internacional e economia chinesa do Insper.
Além disso, o ditador admitiu maior preocupação com o controle epidemiológico no país. “O trabalho de prevenção de epidemias de emergência deve ser feito uma prioridade no trabalho do Estado”, afirmou ele, em discurso durante a reunião plenária do comitê central do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte.
Em outubro de 2021, um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) apontou a Coreia do Norte como um dos países mais vulneráveis ao “risco de fome”.
Apesar da sinalização de maior abertura no discurso, o ditador norte-coreano fez questão de ressaltar que Pyongyang, a capital do país, continuará a realizar desembolsos para sua estratégia de defesa militar.