O governo francês pediu nesta quinta-feira, 13, aos “coletes amarelos” que não protestem no próximo sábado para permitir às forças de segurança se concentrarem na busca de Cherif Chekatt, autor do atentado desta terça-feira no mercado de Natal de Estrasburgo. O atirador matou três pessoas e deixou uma vítima com morte cerebral e 12 outras feridas.
Nascido em Estrasburgo e fichado por sua radicalização islâmica, Chekatt, de 29 anos, tem uma longa ficha criminal, com 67 registros, incluindo 27 condenações na França, Alemanha e Suíça por crimes comuns. Testemunhas o ouviram gritar “Alá é grande” no momento dos ataques.
O porta-voz do governo francês, Benjamin Griveaux, teve o cuidado de enfatizar que não se trata de uma proibição às manifestações dos “coletes amarelos”, mas de um pedido para que seus participantes “sejam razoáveis e não protestem” neste momento.
A resposta do movimento ainda é incerta. Mas o chefe do sindicato CFDT, Laurent Berger, reconheceu a “extrema fadiga dos policiais”. “Seria de bom tom não sobrecarregar os agentes”, declarou.
Segundo Griveaux, o governo “ouviu e respondeu à revolta” expressa nos protestos, com as medidas anunciadas na segunda-feira 10 pelo presidente da França, Emmanuel Macron, para aumentar o poder de compra dos assalariados e aposentados mais pobres.
“Não é razoável se manifestar, porque as forças de segurança foram muito mobilizadas nas últimas semanas. E, depois do atentado de Estrasburgo, seria desejável que cada um pudesse ter um sábado tranquilo, antes das festas de família de fim de ano, ao invés de protestar e mobilizar novamente as forças de segurança”, disse o porta-voz.
Mobilizada para os protestos das últimas semanas, a polícia caça agora o homem mais procurado na França. Mais de 700 policiais e gendarmes estão em alerta no país. Cinco pessoas próximas a Chekatt foram detidas, entre as quais seu pai e seus dois irmãos, mas seu paradeiro ainda é desconhecido.
O jornal Le Figaro afirma que a polícia busca paralelamente o domicílio de uma das irmãs de Chekatt em Paris. A polícia francesa emitiu um aviso de “procura-se”, com a advertência de trata-se de um “indivíduo perigoso”.
Passados dois dias do ataque em Estrasburgo, não há certeza de que Cherif Chekatt ainda esteja na França. Os investigadores cogitaram que ele possa ter cruzado a fronteira e fugido para Kehl, na Alemanha. Segundo a rádio alemã Inforadio-RBB, o agressor teria recebido uma ligação da Alemanha pouco antes do ataque, mas não a teria respondido.
As autoridades alemãs intensificaram “o controle policial da fronteira e as medidas de investigação (…) na zona fronteiriça”, declarou a porta-voz do Ministério do Interior da Alemanha, Eleonore Petermann.
A Suíça, a 130 quilômetros ao sul de Estrasburgo, também reforçou a segurança na fronteira. Mesma medida adotada pelas autoridades italianas, que optaram por “reforçar ao máximo os controles preventivos”, especialmente em locais frequentados por muitas pessoas.
Mas há suspeitas de que Chekatt ainda esteja em Estrasburgo. A polícia francesa mantém isolado o bairro de Neudorf, onde realiza nesta quinta-feira uma operação de busca, segundo a emissora BFMTV. Os moradores locais estão confinados em suas casas.
Os investigadores acreditam que Chekatt ainda possa estar no bairro, onde fora deixado pelo táxi que usou para fugir do centro de Estrasburgo. Trata-se do local onde vivem os seus pais, próximo de onde ele mora.
Segundo BFMT, um cachorro adestrado da polícia encontrou o rastro de Chekatt no bairro, mas o prosseguimento da busca não deu resultado. Também foi procurado o carro da mãe do fugitivo, que pode ter sido utilizado na fuga.
(Com AFP e EFE)