A relação entre grupos terroristas islâmicos e narcotraficantes latino-americanos preocupa a seção de contraterrorismo do Departamento de Estado dos Estados Unidos. Um exemplo disso é a cooperação entre o Hezbollah e cartéis no México, apontada pelos governos americano e israelense.
Outro foco de escrutínio é a relação entre Venezuela e Irã, assim como a rede de financiadores do grupo xiita libanês na Tríplice Fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina.
“Temos de estar atentos ao risco de que se estabeleçam relações entre grupos terroristas e o crime organizado”, disse o coordenador de contraterrorismo para a América Latina do Departamento de Estado, Nathan Sales.
“Eles se adaptam facilmente e trabalham com qualquer parceiro. Os terroristas são oportunistas e buscam janelas para mover armas e pessoal”, completou.
De acordo com o diplomata, esse padrão de conexão do Hezbollah com grupos criminosos pode ser verificado no México, na Venezuela e na Tríplice Fronteira.
No começo da semana, o governo de Israel destruiu túneis do Hezbollah. Um dos responsáveis pelo túnel, identificado como Imad Fahs, recebeu treinamento de cartéis mexicanos.
Há três meses, a Polícia Federal prendeu em Foz do Iguaçu Assad Ahmad Bakarat, apontado como o principal financiador do Hezbollah na região. “Temos muito interesse no desenvolvimento desse caso”, disse Sales.
O Hezbollah é uma força significativa na política libanesa, mas é considerado por muitos países, inclusive os Estados Unidos, como uma organização terrorista, principalmente por seus ataques contra Israel.
Em novembro, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, afirmou que o governo de Donald Trump tem expectativas de que o Brasil declare o Hezbollah como grupo terrorista.
Bolton visitou o presidente eleito Jair Bolsonaro em sua casa no Rio de Janeiro no final do mês passado. Segundo o americano, a cooperação entre Estados Unidos e Brasil no combate ao terrorismo era um dos assuntos prioritários no encontro.
(Com Estadão Conteúdo)