O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, fez nesta quarta-feira, 20, sua primeira visita ao Egito em mais de um mês. A rara intervenção pessoal na diplomacia ocorre em meio a negociações sobre um novo cessar-fogo para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza, em troca da libertação de reféns israelenses.
Residente do Catar, Haniyeh só costuma intervir na diplomacia quando avanços parecem improváveis. Sua última viagem ao Egito ocorreu no início de novembro, às vésperas da única trégua temporária na guerra até agora. Durante a pausa nos combates, que durou uma semana, mais de 100 reféns do Hamas, detidos em Gaza, puderam retornar às suas casas.
Entraves
De acordo com informações da agência de notícias Reuters, o maior entrave nas discussões é determinar quais dos cativos israelenses poderiam ser libertados em um novo acordo, e quais prisioneiros palestinos Israel poderia libertar em troca, como fez na primeira vez.
Israel insiste que todas as pessoas doentes, mulheres e homens, sejam libertados. O Hamas afirma que todos ainda em sua posse são soldados, ou estão ligados ao exército. Além disso palestinos condenados por crimes graves, ao contrário do primeiro acordo, poderiam estar na lista de prisioneiros a serem libertados por Tel Aviv.
Apesar da posição oficial do Hamas ser rejeitar qualquer novo cessar-fogo temporário, exigindo a suspensão permanente dos combates, a visita de Haniyeh mostra que ele está disposto a ouvir uma nova abordagem dos egípcios.
Pressão
As negociações ocorrem ao mesmo tempo que Israel enfrenta uma pressão crescente dos seus aliados internacionais para conter a campanha militar em Gaza, que devastou grande parte do enclave palestino, em retaliação à onda de assassinatos do Hamas em 7 de outubro.
Washington, maior apoiador de Israel, apelou na semana passada para que o governo reduzisse a sua guerra total, fazendo ao invés disso uma campanha mais direcionada contra os líderes do Hamas. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu o fim do que chamou de “bombardeios indiscriminados”.