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‘Economia da China será motor da recuperação global’, diz embaixador

Em artigo a VEJA, Zhu Qingqiao afirma que seu país está em franco crescimento

Por Ernesto Neves Atualizado em 7 Maio 2024, 17h32 - Publicado em 5 fev 2024, 09h21
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  • “Em 2023, observou-se uma recuperação tímida da economia mundial, enquanto o cenário internacional se revelou particularmente severo e complexo. A economia chinesa resistiu às pressões e alcançou um crescimento de 5,2%, mantendo a liderança entre as principais economias globais com uma contribuição de 32% para o crescimento econômico mundial. Recentemente, várias instituições internacionais, entre elas o Fundo Monetário Internacional e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, elevaram previsões de crescimento econômico da China para 2024, com a perspectiva de que a China continuará sendo o maior motor de crescimento econômico global. Em minha análise, tais projeções ancoram-se em uma avaliação objetiva sobre o desempenho atual da economia chinesa e em um julgamento racional sobre as vantagens do seu desenvolvimento a longo prazo.

    De modo geral, na última década, a economia chinesa transitou de uma fase de crescimento acelerado para a fase de desenvolvimento de alta qualidade, mantendo sua contribuição ao crescimento econômico mundial em cerca de 30%. Mais notavelmente, diante de desafios externos, a China evitou estímulos excessivos e não buscou ganhos de curto prazo à custa de gerar o acúmulo de riscos a longo prazo. Em vez disso, comprometeu-se com a implementação de reforma e abertura abrangentes e aprofundadas, de modo a otimizar continuamente sua estrutura econômica. Ao alcançar um crescimento estável, a China também conseguiu manter a estabilidade no emprego, nos preços e nas reservas cambiais, o que constituiu uma injeção de ânimo em uma economia global cheia de incertezas. Os fatos mostram que a economia chinesa é resiliente, com grande potencial e vigor, e lançou uma base sólida para um desenvolvimento saudável e positivo.

    Do ponto de vista do motor de crescimento, destaca-se a solidez da base industrial chinesa. Em 2023, o valor agregado da indústria manufatureira chinesa correspondeu a 30% do total global, valor este equiparável à soma das economias do Grupo dos Sete, consolidando liderança mundial pelo décimo quarto ano seguido. A amplitude e a integridade do sistema industrial chinês mostram-se plenamente capazes de suprir as demandas do rápido crescimento da capacidade produtiva nacional. Ademais, o imenso mercado chinês encontra-se em um momento de intensa dinamização e modernização das demandas. Hoje, a China tem mais da metade dos veículos de nova energia em operação no planeta e detém o maior mercado mundial de e-commerce. O contingente da classe média chinesa, que já ultrapassa 400 milhões de indivíduos, deve dobrar de tamanho nos próximos dez anos. Paralelamente, cerca de 300 milhões de cidadãos em processo de urbanização, oriundos do setor agrícola, estão catalisando uma significativa elevação do consumo em setores como habitação, educação, saúde e assistência aos idosos.

    No que concerne à inovação, a China vivencia uma transformação de “dividendos demográficos” em “dividendos de talentos”. Isso se reflete na liderança mundial do país em termos de capital humano, científico e tecnológico, além do número total de pesquisadores. Há vários anos, os investimentos chineses em pesquisa e desenvolvimento, bem como nas indústrias de alta tecnologia, mantêm um crescimento expressivo de dois dígitos. A adoção de tecnologias emergentes, como computação em nuvem, big data, inteligência artificial e blockchain, ocorre de forma acelerada. É constante o surgimento de novos produtos e modelos de negócios, tais como dispositivos inteligentes, robótica e telemedicina. Tudo isso elevou o índice de inovação da China para a 12ª posição no ranking global. O número de empresas de alta tecnologia teve um crescimento de cerca de 400.000, o que posiciona a China na vanguarda em termos de aglomerados tecnológicos e como segunda maior em número de empresas unicórnio. Em 2023, as exportações chinesas de veículos de nova energia, baterias de lítio e produtos fotovoltaicos cresceram cerca de 30%, tanto que já estão sendo chamados de “três novos produtos” da exportação chinesa. Projeções de organizações internacionais indicam que os setores emergentes e de manufatura de alta tecnologia na China continuarão sua rápida expansão, e acredita-se que a economia digital chinesa passará dos 15 trilhões de dólares até 2027. Esses fatores promoverão a aceleração e o fortalecimento das novas forças propulsoras do crescimento chinês.

    O Brasil, uma economia emergente de influência global, atingiu um marco significativo em 2023, quando suas exportações para a China superaram pela primeira vez a cifra de 100 bilhões de dólares. Esse feito coloca a China como o principal parceiro comercial do Brasil pelo décimo quinto ano seguido, enquanto a parceria bilateral em investimentos continua em expansão. Essa dinâmica ressalta que a cooperação pragmática entre os dois países tem uma base sólida e é marcada por resiliência, vigor e amplas perspectivas futuras, e reflete um caminho de desenvolvimento compartilhado. Na atual conjuntura, a China dedica-se firmemente à modernização a modo chinês, adota e implementa integralmente novos conceitos de desenvolvimento. O país acelera a criação de um novo padrão de desenvolvimento, estimula um crescimento de alta qualidade e amplia sua abertura para o mundo, o que reforça a tendência positiva da recuperação econômica e permitem que a China compartilhe oportunidades de desenvolvimento com todas as nações, fomentando uma globalização econômica mais inclusiva e universalmente benéfica. Nesse contexto, a China aspira a intensificar a comunicação e a coordenação com o Brasil em termos de estratégias de desenvolvimento e políticas econômicas. A meta é apoiar o crescimento sustentável de ambos os países por meio de uma cooperação mais abrangente, de melhor qualidade e com uma estrutura otimizada, a fim de promover maior bem-estar aos nossos povos das duas nações”.

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    Zhu Qingqiao,

    Embaixador da China no Brasil

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