Um dos maiores doadores à campanha do Partido Democrata, o comitê de ação política Future Forward, anunciou nesta sexta-feira, 12, que congelou o envio de US$ 90 milhões (cerca de R$ 491 milhões, na cotação atual) enquanto o líder dos Estados Unidos, Joe Biden, permanecer na corrida eleitoral, que ele deve disputar contra o ex-presidente Donald Trump em novembro.
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É um dos exemplos mais concretos das consequências de seu desastroso desempenho no debate presidencial do fim de junho, em que apresentou dificuldade de raciocínio e de formar frases coerentes, aumentando as preocupações com sua capacidade cognitiva aos 81 anos e fazendo com que até membros do seu partido pedissem que ele considerasse desistir da disputa pela Casa Branca.
As pesquisas já mostram que o episódio afetou como o público enxerga Biden, que passou a aparecer de 4 a 6 pontos percentuais atrás de Trump nas intenções de voto, além de ver cair para apenas 24% a parcela do eleitorado que o considera “mentalmente aguçado”.
A notícia foi divulgada nesta sexta pelo jornal americano The New York Times, que conversou com pessoas informadas sobre o tema. O congelamento dos fundos vem justo no momento em que Biden esperava virar a página da crise dentro do Partido Democrata, usando uma coletiva de imprensa de quase uma hora após a cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na noite de quinta-feira.
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Essa aparição, na qual cometeu algumas gafes, mas também demonstrou dominar o tema de política externa, não pareceu piorar nem melhorar a situação. Os democratas permanecem divididos entre aqueles que acreditam que é tarde demais para indicar outro nome em seu lugar — e que consideram Biden a escolha mais acertada, sendo a evidência maior o fato de que já derrotou Trump em 2020 — e aqueles que enxergam vulnerabilidade e fragilidade na campanha de reeleição do presidente.
Depois da coletiva de imprensa na quinta-feira, mais três deputados democratas pediram que Biden encerrasse sua campanha. Segundo levantamento do Times, já se manifestaram contra o presidente 18 dos 123 membros do partido na Câmara, um dos 47 senadores democratas e, por enquanto, nenhum governador. O presidente americano reiterou que não tem intenção de desistir da reeleição.