O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descartou nesta segunda-feira, 6, o acesso fácil às armas como principal causa dos frequentes massacres de civis no país. Depois de um final de semana marcado pela violência em El Paso e Dayton, o líder pediu a aprovação da pena de morte para esses crimes e a execução rápida dos “monstros”responsáveis. O total de vítimas fatais subiu para 31.
Trump mantivera-se calado no domingo, depois da morte de nove pessoas no centro de Dayton, no estado de Ohio. Mas, pouco antes de seu discurso sobre os tiroteios, quebrou o silêncio pelo Twitter nesta manhã para pedir união entre Republicanos e Democratas para a aprovação de leis mais rígidas sobre imigração. “Não podemos deixar que os mortos em El Paso, Texas, e Dayton, Ohio, morram em vão”, afirmou.
No discurso em rede nacional, Trump culpou a “glorificação da violência” e pediu que a nação rejeite o racismo, o fanatismo e a supremacia branca. Esta foi a primeira vez que o presidente americano condenou, publicamente, a supremacia branca. Ele abstivera-se de fazê-lo durante o caso de Charlottesville, no estado de Virginia, em 2017.
“Essas ideologias maléfica têm de ser derrotadas. Não há lugar ao ódio na América”, declarou.
Trump anunciou que o Departamento de Justiça começou a elaborar propostas para conter o aumento dos tiroteios em massa no país. Sugeriu, por exemplo, que as agências americanas atuem em conjunto para identificar pessoas com potencial de cometer esses atos e confiscar suas armas ou proibi-las de adquirir novas. Também insinuou a internação involuntária de doentes mentais para prevenir os ataques.
Trump associou os tiroteios em massa com a saúde mental dos atiradores e não com o fácil acesso a armas no país. Propôs, dentro das medidas que o Departamento de Justiça está elaborando, uma reforma para melhorar o acesso de doentes mentais aos planos de saúde que tratam dessas enfermidades. O presidente americano também culpou os videogames e as redes sociais por “fornecer um caminho perigoso para radicalizar mentes perturbadas”.
O primeiro tiroteio neste fim de semana ocorreu na cidade de El Paso, Texas, que faz divisa com o México. O jovem Patrick Crusius, de 21 anos, invadiu uma um mercado da rede Walmart e abriu fogo contra as pessoas que lá estavam. Vinte e uma morreram e 24 ficaram feridas. Considerado “terrorista doméstico”, Crusius se declarara eleitor de Trump e deixara um manifesto de condenação à invasão hispânica e à “mistura de raças” nos Estados Unidos.
Preso e prestes a ser denunciado por terrorismo à Justiça americana, Crucius deverá ser alvo de um pedido de extradição a ser enviado pelo governo do México. Na manhã desta segunda-feira, a polícia de El Paso anunciou a morte da 21ª vítima do supremacista branco.
Menos de 14 horas depois do massacre de El Paso, outro atirador abriu fogo contra a população da cidade de Dayton, Ohio, matando 9 pessoas e ferindo entre 27 e 31, segundo a polícia. O terrorista foi morto rapidamente pela polícia, que estava próxima ao local.
Levantamento do jornal The Washington Post mostra que 1.165 pessoas foram mortas nos Estados Unidos em 163 ataques desde agosto de 1966, quando um jovem instalou-se na torre do relógio da Universidade do Texas e disparou nos transeuntes. Dezessete pessoas morreram. Desde a julho, foram registrados mais quatro ataques, com 35 pessoas vítimas fatais, fato que eleva para 1.200 o total de mortos desde 1966. Com base nos dados do Post, o atirador de Dayton é o 171º a atacar civis nos Estados Unidos.