‘Desgraça’: a nova palavra no vocabulário do ‘New York Times’
Em reportagem sobre a Amazônia, jornal tenta traduzir o termo em português como sinônimo de 'calamidade'
Pela primeira vez desde que foi fundado, em 1851, o jornal americano The New York Times usou a palavra em português “desgraça” em um de seus textos. A conta do Twitter “New New York Times”, que monitora novos termos do veículo, registrou o acontecimento nesta quarta-feira, 4.
desgraça
— New New York Times (@NYT_first_said) January 4, 2023
A palavra apareceu na reportagem “Has the Amazon Reached Its ‘Tipping Point’?” (“A Amazônia Chegou ao seu ‘Ponto de Não Retorno’?”, em tradução livre), que explora porque alguns cientistas brasileiros temem que a floresta tropical se transforme em uma savana, com efeitos profundos no clima mundial.
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“A noite caía, o coaxar dos sapos competia com o uivo distante dos macacos. Fomos recebidos por uma bióloga de 39 anos, Erika Berenguer, que vestia uma velha camiseta branca, larga demais e suja. Sua especialidade, disse ela, era a desgraça – calamidade”, diz a reportagem.
“Acontece que os números do desmatamento na verdade subestimam o problema da Amazônia, porque um quinto da floresta em pé foi ‘degradado’ pela exploração madeireira, queimada e fragmentação”, continua o texto.
Na mesma reportagem, também aparece a palavra “sambando” pela primeira vez, para descrever a turbulência de um avião tipo teco-teco que cientistas usam para sobrevoar a floresta.
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O Times tem uma prática recorrente de usar termos sem tradução, uma forma de expandir a precisão de suas reportagens e respeitar diferentes culturas do mundo, segundo a linha editorial. Também nesta quarta-feira, foram empregadas novas palavras como “quroot”, nome de um queijo do Afeganistão, e na semana passada usou “überraschungsresistent” – palavra alemã que significa “à prova de surpresas”.
Não é a primeira vez que uma palavra característica do português é empregada pelo jornal. Em agosto passado, após uma polêmica entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e um youtuber, que xingou-o de “tchutchuca do centrão”, o Times fez malabarismos para tentar traduzir a idiossincrasia do termo. Com “desgraça”, contudo, teve mais sucesso.