O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, estreou nesta quarta-feira (10) seu perfil no Twitter com mensagens sobre sua visita a Pinar del Río, região afetada nos últimos dias pelos efeitos da passagem do furacão Michael. Nem Fidel Castro, antes de sua morte, em 2016, nem seu irmão Raúl, que presidiu o país até abril deste ano, abriram contas oficiais na rede social.
A iniciativa sugere a preocupação do novo governante em apostar nessa ferramenta de comunicação direta, como quase todos os líderes têm feito. Em especial, o americano Donald Trump.
Em sua biografia no Twitter, Díaz-Canel se diz “comprometido com as ideias de José Martí (herói da independência de Cuba), de Fidel e Raúl”.
Sob o governo de Díaz-Canel, a comunicação presidencial adquiriu nova importância. Observadores do regime avaliam ser essencial para o líder cubano, que não desfruta da legitimidade de seus antecessores, se aproximar da população, que pouco o conhece.
Para a sua estreia nesta rede social, o líder cubano escolheu o dia em que os cubanos comemoram o 150º aniversário do Grito de Yara, que lembra o início da guerra de independência contra os espanhóis, em 1868, na fazenda La Demajagua, no sudeste do país.
“Estamos em La Demajagua, o lugar que soma sentimentos patrióticos #SomosCuba e #SomosContinuidad”, escreveu Díaz-Canel, o primeiro governante cubano de fora da família Castro desde 1959.
Diante do “cerco imperial (dos Estados Unidos)” e do embargo imposto a Cuba desde 1962, “não falharemos, não trairemos e não nos renderemos jamais”, declarou Díaz-Canel, em um discurso transmitido pela televisão cubana. “Lutamos 150 anos e continuaremos lutando até a vitória sempre.”
Cuba e Estados Unidos tiveram uma histórica aproximação entre 2014 e 2016, durante as gestões de Barack Obama e de Raúl Castro, restabelecendo relações diplomáticas e reabrindo suas embaixadas. A perspectiva de maior diálogo entre os dois países foi arrefecida pela decisão de Trump de intensificar o bloqueio à ilha.
Robótica
Aproveitando sua passagem pelas Nações Unidas, Díaz-Canel, visitou no sábado passado (29) a Universidade de Columbia, em Nova York, onde demonstrou especial interesse na cooperação na área de robótica, segundo a imprensa estatal de Havana.
“Estivemos muito focalizados em robótica. Torna mais eficientes os processos produtivos e de serviços”, disse o presidente, engenheiro eletrônico de formação, durante reunião com cientistas.
Em vídeo, o cubano elogia os cientistas de Columbia que haviam antes exposto sobre as aplicações da robótica na medicina. “Estava pensando em uma doença degenerativa no leste do país, a ataxia”, disse ele, acrescentando que os pesquisadores desse transtorno neurológico em seu país iriam se interessar muito em conhecer as técnicas dos especialistas da universidade americana.
Cuba e a Universidade de Columbia já mantêm alguns intercâmbios previstos no Consórcio para Estudos Avançados no Exterior, criado em 2015. As universidades americanas Johns Hopkins, Brown, Cornell, Dartmouth, Northwestern e Penn também o integram.
Cuba faz grandes esforços para manter a qualidade de seu sistema de saúde público gratuito, mas a constante crise econômica faz com que os equipamentos de clínicas e hospitais sejam poucos, insuficientes ou obsoletos.
(Com AFP e EFE)