A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos indicou nesta sexta-feira, 22, que enviará a acusação de “crimes graves e contravenções” contra Donald Trump ao Senado já na próxima segunda-feira. A medida inicia oficialmente o impeachment contra o ex-presidente no Senado, ignorando o pedido do líder do Partido Republicano na alta casa legislativa, Mitch McConnell, de atrasar o processo.
O líder da maioria no Senado, o democrata Chuck Schumer, e a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, confirmaram o envio durante uma sessão no Congresso. Embora Trump já tenha deixado a Casa Branca, se o Senado decidir condená-lo, pode votar para impedi-lo de ocupar cargos públicos novamente.
O Senado precisará de 67 votos para condenar Trump. Se todos os 50 democratas apoiarem um veredicto de culpado, eles precisarão de 17 republicanos para se juntar a eles.
O antigo líder da casa ainda não indicou se votará pela condenação de Trump. Na terça-feira 19, contudo, ele afirmou pela primeira vez, com todas as palavras, que os manifestantes “foram provocados pelo presidente e outras pessoas poderosas”. Segundo o jornal americano The New York Times, há cerca de 12 membros da oposição dispostos a condená-lo (10 votaram pelo impeachment na Câmara).
McConnell afirmou que Trump não teria tempo suficiente para preparar uma defesa e pediu à Câmara que esperasse até a próxima quinta-feira, dia 28 de janeiro, para enviar o artigo de impeachment e garantir “um processo completo e justo”. Porém, Pelosi disse em comunicado que o ex-presidente “terá o mesmo tempo para se preparar para o julgamento” que a acusação.
No início deste mês, os deputados americanos votaram para acusar Trump de incitar uma insurreição contra o governo, devido ao seu papel em encorajar seus apoiadores a invadirem o Capitólio no dia 6 de janeiro. A multidão tinha como objetivo interromper a certificação da vitória eleitoral do presidente Joe Biden, criando um conflito que levou a cinco mortes e quase cem prisões.
Trump já contratou o advogado Butch Bowers, da Carolina do Sul, para defendê-lo durante o julgamento. Na acusação, estão os deputados democratas Jamie Raskin, de Maryland, Diana DeGette, do Colorado, David Cicilline, de Rhode Island, Joaquin Castro, do Texas, Eric Swalwell e Ted Lieu, da Califórnia, Stacey Plaskett, a delegada para as Ilhas Virgens dos Estados Unidos, Madeleine Dean, da Pensilvânia, e Joe Neguse, do Colorado.
Pelosi afirmou na quinta-feira 21 que os gerentes do impeachment não precisarão preparar tantas evidências para este segundo julgamento como fizeram para o primeiro, no ano passado. Em seu primeiro inquérito, Trump foi acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso. O Senado, naquela época controlado pelos republicanos, o absolveu após três semanas de debate.
“Este ano, o mundo inteiro testemunhou o incitamento do presidente, seu apelo à ação e a violência que foi usada”, disse a líder da Câmara.
Schumer minimizou as preocupações do Partido Republicano sobre a rapidez do processo, afirmando que seria um “julgamento justo”. Ele disse ter conversado com McConnell sobre “o momento e a duração do inquérito”, mas não deu detalhes sobre quanto tempo vai durar.
Há preocupações de que o processo possa desviar o foco das políticas de Biden no legislativo, como a aprovação de um pacote de auxílio contra o coronavírus de 1,9 trilhões de dólares e a necessidade de completar seu gabinete. Schumer, que acaba de assumir o controle do Senado, diz que pretende equilibrar o impeachment com a confirmação dos membros do gabinete e a resposta federal à Covid-19.