Os Estados Unidos e o Reino Unido estão enfrentando críticas na comunidade internacional após a assinatura de um acordo de segurança com a Austrália. O pacto tem como objetivo reforçar a cooperação em tecnologias defesa entre os países para fazer frente ao poder da China no Indo-Pacífico.
Mas o acordo enfureceu a França, que se sentiu deixada de fora. “Foi uma punhalada nas costas. Estou realmente enraivecido, muito amargo”, disse nesta quinta-feira 16 ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian, à rádio France Info.
O governo europeu ainda comparou a medida tomada pela administração do presidente americano, Joe Biden, às ações de seu antecessor Donald Trump. “O que me preocupa também é o comportamento americano. Essa decisão unilateral, brutal, imprevisível se parece muito com o que fazia Trump”, disse Le Drian.
Em retaliação, diplomatas franceses ainda cancelaram um evento de gala marcado para esta sexta-feira, 17, para comemorar os laços históricos entre França e Estados Unidos. “Os EUA sabiam que este contrato estratégico estava entre os interesses franceses essenciais e não se importaram”, disse o ex-embaixador da França nos Estados Unidos, Gérard Araud, à emissora BBC.
O acordo assinado tem como objetivo reforçar a cooperação em tecnologias avançadas de defesa, como inteligência artificial, sistemas submarinos e vigilância de longa distância. Segundo a imprensa francesa, a nova parceria com os EUA e o Reino Unido significa o cancelamento de um contrato assinado pela Austrália com a França em 2016, que chegaria a 90 bilhões de dólares.
Em resposta, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, chamou a França de “um parceiro vital” e disse que Washington ainda trabalharia “incrivelmente próximo” de Paris.
Já a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, minimizou as críticas francesas. “Há uma série de parcerias que incluem os franceses e algumas parcerias que não incluem, e eles têm parcerias com outros países que não nos incluem”, disse ela. “É como a diplomacia global funciona.”