O Comitê Olímpico Internacional (COI) publicou uma nota de repúdio na terça-feira 19 posicionando-se contra a “politização dos esportes”. A medida ocorreu após a Rússia e a Síria se recusarem a votar a favor de uma resolução das Nações Unidas condenando a prática, que é proibida pela Carta Olímpica, conjunto de regras e guias para a organização dos jogos.
“Reconhecendo que o esporte ocorre no âmbito social, as organizações esportivas do Movimento Olímpico devem aplicar a neutralidade política”, diz a Carta Olímpica, segundo a qual o objetivo do COI é “opor-se a qualquer abuso político ou comercial no esporte”.
Esse princípio costuma ser reconhecido e apoiado por unanimidade em resoluções apresentadas na Assembleia Geral das Nações Unidas. No entanto, tanto Rússia e quanto Síria se abstiveram na última votação, em novembro de 2023, de uma resolução que busca “reconhecer os princípios fundamentais da Carta Olímpica” e “construir um mundo pacífico e melhor através do esporte”.
O texto foi aprovado, mas mesmo assim, segundo o COI, o governo russo pretende organizar eventos esportivos “motivados por interesses políticos”, indo contra as regras da Carta Olímpica e as resoluções das Nações Unidas. Isso porque o país vai acolher as edições de verão e inverno dos “Jogos da Amizade”, que devem acontecer respectivamente em setembro de 2024 e 2026.
Para o evento, a Rússia criou a “Associação Internacional da Amizade” (IFA) e lançou uma ofensiva diplomática intensa, incentivando as delegações governamentais e embaixadores, assim como outras autoridades, a se aproximarem de governos em todo o mundo. “Durante essa iniciativa, o governo russo está propositalmente excluindo as organizações esportivas dos seus países-alvo”, acusou o COI, dizendo que Moscou utiliza seus atletas como propaganda política, que poderiam inclusive “estarem sendo forçados a participar desses eventos esportivos politizados”.
O governo russo também já desrespeitou padrões globais de antidoping, o que também levou a Agência Mundial de Antidoping a expressar preocupações sobre os planos da Rússia de acolher os Jogos da Amizade em 2024.
“Como o evento não vai acontecer sob a proteção do Código Mundial Antidoping (WADA), a saúde e a justiça dos atletas podem ser comprometidas. A WADA necessita que todos o signatários do código tenham cautela e não legitimem este evento, uma vez que a Agência não tem como garantir o cumprimento do programa antidoping”, afirmou.