A Comissão Eleitoral da Índia (CEI) revelou nesta semana que o valor dos subornos apreendidos no período de campanha eleitoral deste ano – o pleito indiano começa na sexta-feira, 19 – atingiu US$ 550 milhões desde março, um recorde nos 75 anos de eleições no país. O órgão afirmou que o número marca um “aumento acentuado” em relação aos cerca de US$ 400 milhões apreendidos em 2019, quando ocorreram as últimas eleições gerais do país.
“As apreensões são uma parte crítica da decisão da CEI de conduzir as eleições livres de subornos e más práticas eleitorais e de garantir condições de concorrência equitativas”, disse a Comissão Eleitoral na segunda-feira.
A CEI afirmou que também realizou apreensões no valor de quase US$ 900 milhões em janeiro e fevereiro, sendo que as drogas representaram cerca de 75% desses confiscos.
Redutos de Modi
Segundo a ECI, os itens apreendidos incluem dinheiro vivo, bebidas alcoólicas, drogas e metais preciosos. Os dois estados onde ocorreram mais subornos são Rajastão e o vizinho Gujarat, ambos redutos do partido do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, o direitista Bharatiya Janta (BJP).
Enquanto Gujarat, estado natal de Modi, registrou o maior número de apreensões de drogas, o Rajastão ficou no topo da lista de “brindes” – bens e serviços prometidos aos eleitores (geralmente por políticos) em troca do seu apoio.
Entretanto, os dados das últimas apreensões da ICE mostram que os estados não governados pelo BJP também lideraram categorias específicas de incentivo. Tamil Nadu, no sul da Índia, um bastião de duas legendas regionais que se opõem ao BJP e ao principal partido da oposição, o Congresso Nacional Indiano, foi o que viu a maior quantidade de dinheiro apreendido.
Um dos poucos redutos do Congresso Nacional Indiano, Karnataka, teve a maior quantidade de bebidas alcoólicas confiscadas.
Manchas na maior eleição do mundo
A votação na Índia vai durar seis semanas e será realizada em sete fases a partir desta sexta-feira, 19. Tudo indica que Modi, com 78% de aprovação, e o seu partido conquistarão um raro terceiro mandato consecutivo no poder.
Partidos políticos e lideranças indianas frequentemente lançam alertas contra a corrupção e criticam os subornos, ou incentivos eleitorais – incluindo o premiê. No entanto, o nível de monitoramento e combate à corrupção na imensa nação varia muito de acordo com o território.
O Índice anual de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional classifica a Índia em 93º lugar entre 180 nações e territórios que fazem parte do levantamento, junto com o Cazaquistão e as Maldivas. Para efeito de comparação, o Brasil está em 104º lugar, enquanto o pódio é ocupado pela Dinamarca, Finlândia e Nova Zelândia, respectivamente.