A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner participou nesta terça-feira, 21, da primeira sessão de seu julgamento por supostos crimes de corrupção cometidos durante seus mandatos (2007-2015). Além de Cristina, participaram da audiência em Buenos Aires outros 13 acusados no caso.
Às 12h10 (mesmo horário em Brasília), os juízes Jorge Gorini, Rodrigo Giménez Uriburu, Andrés Basso e Adriana Palliotti deram início à audiência em um tribunal federal da capital. O Ministério Público, o Escritório Anticorrupção e a Unidade de Informação Financeira são as partes acusadoras do processo.
Cristina se sentou ao lado de seu advogado Carlos Beraldi na fileira ao fundo da sala de audiência. Além da ex-presidente, estão entre os acusados o empresário Lázaro Báez, o ex-ministro do Planejamento Julio de Vido e o ex-secretário de Obras Públicas José López.
Na sala também estavam presentes, além de apoiadores de Cristina, o secretário-geral do Centro dos Trabalhadores Argentinos, Hugo Yasky, a presidente das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, e Taty Almeida e Hebe de Bonafini, representante das Mães de Praça de Maio.
A primeira audiência, na qual foram apenas lidas as acusações, contou com um forte esquema de segurança no exterior do tribunal. Apoiadores da ex-governante, atual senadora e candidata a vice-presidente nas eleições de outubro, se reuniram do lado de fora da corte.
Durante as quase três horas e meia da sessão, Cristina não largou seu telefone celular e apenas falou com seu advogado. A ex-mandatária estava visivelmente inquieta e incomodada.
O julgamento deve se prolongar durante um ano, com depoimentos de cerca de 160 testemunhas e audiências em todas as segundas-feiras.
Cristina Kirchner é acusada de liderar uma quadrilha e cometer fraudes em concessões de contratos de obras públicas quando estava no poder. As acusações contra ela podem lhe render uma pena de até 10 anos de prisão. Na condição de senadora, porém, ela tem imunidade contra uma prisão.
‘Cortina de fumaça’ política
Cristina foi ao Twitter antes do julgamento e disparou contra seus acusadores e contra o atual presidente Mauricio Macri. “Claramente não é sobre justiça”, escreveu. “Apenas sobre a criação de uma nova cortina de fumaça que visa distrair os argentinos e a Argentina –cada vez com menos sucesso– da dramática situação em que vivem nosso país e nosso povo”, escreveu.
A ex-presidente chocou a nação no sábado 18 ao dizer que disputará a vice-presidência ao lado do seu ex-chefe de gabinete Alberto Fernández, político veterano que tanto a apoiou como a criticou no passado. Peronista militante de esquerda, Cristina era vista como a principal concorrente de Macri.