Viagens aéreas para o Golfo Pérsico, ou com escala na região, podem sofrer interrupções após a decisão de sete países árabes – Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos (EAU), Bahrein, Líbia, Iêmen e Maldivas – de cortar relações com o Catar, anunciada nesta segunda-feira. A pequena monarquia produtora de petróleo é acusada de tentar promover a instabilidade na região e financiar grupos terroristas.
As restrições mais severas vieram da Arábia Saudita, que proibiu o pouso de todos os aviões do Catar em seus aeroportos bem como a entrada no espaço aéreo saudita. As companhias aéreas Etihad Airways, de Abu Dhabi, e a Emirates Airline, de Dubai, disseram que suspenderiam todos os voos de ida ou volta de Doha a partir da manhã de terça-feira, por prazo indefinido. As demais nações árabes também planejam cortar o tráfego marítimo e aéreo com o Catar.
A crise fez com que a Qatar Airways, principal companhia aérea do pais, suspendesse todos os voos para Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Bahrein. Em um comunicado publicado em seu site, a companhia disse que a suspensão de seus voos entrará em vigor na terça-feira e durará por tempo indeterminado. Os clientes afetados poderão pedir reembolso das passagens.
O Catar possui muitos aeroportos na região do Golfo que servem de centros de conexões de voos internacionais. O Aeroporto Internacional de Hamad, maior do país, recebeu 9,8 milhões de passageiros de janeiro a março, de acordo com seu website.
“Há um impacto mais amplo do que a Qatar Airways não ser capaz de aterrissar em mercados como o saudita ou dos Emirados Árabes Unidos, considerando que estes mercados são fontes significativas de trânsito de passageiros”, disse Will Horton, analista do centro de aviação Capa, na Austrália.
“Um passageiro em Riad pode não ser capaz chegar a Bangcoc com conexão via Doha, e um passageiro em Dubai pode não chegar a Londres via Doha“, acrescentou.
A mais recente disputa entre Estados do Golfo Pérsico é um novo desafio para as companhias aéreas da região, em um momento no qual o presidente americano, Donald Trump, tenta restringir o tráfego de passageiros de alguns países de maioria muçulmana para dentro dos Estados Unidos.
Base área americana
O secretário de estado americano, Rex Tillerson, afirmou que a crise não influenciará as missões mantidas pelo país na região. “Não espero que isso tenha impacto significante, se é que terá impacto, na luta unificada luta contra o terrorismo, na região ou globalmente falando”, disse.
O Catar é a sede da base aérea de Al-Udeid, que abriga o posto avançado do Comando Central das Forças Armadas dos Estados Unidos, e possui cerca de 10 mil soldados americanos. O major americano Adrian Rankine-Galloway disse que não há planos de mudar a postura no Catar em meio à crise diplomática no Golfo e afirmou que as aeronaves militares americanas continuam a voar em missões no Afeganistão, no Iraque e na Síria. “Encorajamos todos os nossos parceiros na região a reduzir as tensões e a trabalhar em soluções que permitam a segurança regional”, disse o major à Associated Press.
(Com Reuters e AFP)