O novo coronavírus deixou 97 mortos neste domingo 9 na China, no dia mais trágico no país desde que a epidemia da doença começou. Ao todo, foram registradas 910 mortes em todo o mundo, superando o balanço global da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars).
Segundo os últimos números divulgados pelo governo chinês, 908 pessoas faleceram no país após serem infectadas pelo vírus. Já foram registrados 40.171 casos de contágio e 187.518 pessoas estão sob observação com suspeita de infecção.
Apesar dos dados alarmantes, o número de novas infecções registrado diariamente no país se estabilizou, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que falou em “boas notícias”. O órgão, contudo, disse que é cedo demais para afirmar que a epidemia superou seu auge.
Navio em quarentena
O número de pessoas infectadas com o novo coronavírus no cruzeiro Diamond Princess, em quarentena no Japão, chegou a 135 nesta segunda-feira, 10. Só no domingo foram identificadas 70 novas infecções.
O cruzeiro, que chegou na segunda-feira 3 ao porto de Yokohama, ao sudoeste de Tóquio, transporta cerca de 3.700 passageiros e tripulantes. Alguns passageiros estão a maior parte do dia confinados em um camarote sem janela. Eventualmente, têm permissão de deixar suas cabines.
Propagação mundial
A epidemia continua a se espalhar pelo mundo. Mais de 320 casos de contaminação foram confirmados em cerca de 30 países e territórios. Cinco novos casos (quatro adultos e uma criança, todos de nacionalidade britânica) foram anunciados na França no sábado, elevando para 11 o total no país.
Na própria China, a morte na sexta-feira 7 de um jovem médico que havia sido repreendido por ter dado o alerta no final de dezembro continuava causando polêmica, em um país onde as informações são rigorosamente controladas.
O médico, que morreu vítima do novo coronavírus, agora é um mártir diante de autoridades locais acusadas de esconder o início da epidemia. Intelectuais divulgaram pelo menos duas cartas abertas que circulam nas redes sociais desde a morte do doutor Li Wenliang em um hospital em Wuhan.
“Chega de restringir a liberdade de expressão”, pedem dez professores de Wuhan, em uma carta que foi posteriormente apagada da rede social Weibo. “As autoridades centrais estão determinadas a chegar à verdade e descobrir os responsáveis” pelas sanções ao doutor Li, reportou o jornal oficial em inglês China Daily.
Outra carta de ex-alunos anônimos da prestigiada Universidade Tsinghua, em Pequim, pede ao Partido Comunista Chinês (PCC) que pare de fazer da “segurança política a única prioridade”. O regime comunista reagiu anunciando na sexta-feira o envio de uma comissão de inquérito a Wuhan.
Além da região de Wuhan, isolada do resto do mundo desde 23 de janeiro, medidas de confinamento continuam sendo estritas em várias cidades, onde dezenas de milhões de pessoas estão trancadas em casa.
(Com AFP)