Um homem sul-coreano foi condenado por um tribunal de Seul, capital da Coreia do Sul, nesta terça-feira, 26, após engordar 20 quilos deliberadamente para escapar do serviço militar obrigatório no país. Ele recebeu uma sentença de um ano de prisão, que foi suspensa por dois anos sob a condição do réu cumprir suas obrigações com as Forças Armadas.
De acordo com documentos do julgamento, concluído em novembro deste ano, o réu foi dispensado do serviço ativo em 2022 ao atingir 102 quilos, peso que garantiu a isenção. No entanto, documentos do julgamento, concluído em novembro deste ano, mostraram que ele seguiu uma estratégia meticulosa para ganhar peso, incluindo consumir refeições exageradamente calóricas, evitar qualquer esforço físico e beber grandes quantidades de água antes das avaliações médicas.
“O réu consumiu alimentos altamente calóricos, aproximadamente dobrou suas porções de refeição, absteve-se de trabalhos fisicamente exigentes, como entrega de encomendas, e bebeu grandes quantidades de água antes das medições para aumentar deliberadamente seu peso”, afirmou o juiz na decisão. Um amigo que o incentivou a seguir o esquema também foi condenado a seis meses de prisão, com pena suspensa por um ano.
Serviço militar obrigatório
Na Coreia do Sul, o serviço militar é obrigatório para quase todos os homens antes dos 28 anos, com duração mínima de 18 meses. Essa exigência, considerada essencial para a segurança nacional diante das tensões com a Coreia do Norte, tem gerado polêmicas há muito tempo.
Nos últimos anos, casos de jovens que fingiram doenças mentais, recorreram à automutilação ou manipularam o próprio peso para obter isenção têm chamado atenção. Em 2018, os militares adotaram maior flexibilidade em relação a tatuagens, eliminando essa prática como brecha para evitar o recrutamento.
A política também afeta carreiras de celebridades, como atletas e músicos. Um exemplo de destaque foi o fenômeno do K-pop BTS, que pausou suas atividades em 2022 para que seus integrantes cumprissem o serviço militar.
Além da resistência ao alistamento, o caso levanta discussões sobre desigualdades de gênero. Mulheres são dispensadas do recrutamento obrigatório, e as poucas que se alistam fazem isso de forma voluntária, representando apenas 3,6% do efetivo militar, de acordo com o Ministério da Defesa. Muitos homens veem essa isenção como uma vantagem para elas em um mercado de trabalho altamente competitivo. Estatísticas mostram que as mulheres frequentam a universidade em maior número do que os homens, o que alimenta o argumento de que os jovens do sexo masculino deveriam ter o direito de focar em suas carreiras e objetivos pessoais.
Uma pesquisa de 2018 revelou que 72% dos homens coreanos na faixa dos 20 anos disseram que achavam que o recrutamento era uma forma de discriminação de gênero, e quase 65% acreditavam que as mulheres também deveriam ser recrutadas. Quase 83% disseram que era melhor evitar o serviço militar se possível, e 68% acreditavam que era uma perda de tempo.