Dezenas de bandeiras da Argentina e cartazes com palavras de apoio cercam a base naval de Mar del Plata, na Argentina. Ainda que as chances sejam escassas, alguns mantêm a esperança de resgate com vida dos 44 tripulantes do submarino ARA San Juan, desaparecido desde o último dia 15.
“Esperamos vocês”, diz um cartaz. “Apareçam com vida, os 44”, diz outro com traços de desenho de uma criança.
No entorno, um grupo de mais de 20 pessoas rezam com um terço na mão e as cabeças baixas. Repetem sem parar a oração pelo retorno do San Juan — intacto.
Mais cedo, nesta sexta-feira, o presidente argentino, Mauricio Macri havia dito que seria necessária uma investigação “séria e completa, que nos dê certeza de por que aconteceu o que estamos presenciando”. A declaração ocorre um dia após a marinha argentina ter confirmado a detecção de um som compatível com uma explosão no dia em que o ARA San Juan desapareceu.
Embora a corrente positiva contrarie as expectativas do governo argentino, que já reconhece como muito baixa a chance de sobrevivência dos marujos, ela explicita a relação da cidade com o submarino.
Pelas ruas, é de conhecimento comum que só existem três dessas embarcações na Argentina — e uma delas, justamente o ARA San Juan, é de Mar del Plata. No verão, durante a alta temporada do município, a Base Naval e suas embarcações costumam ficar abertas ao público. Visitar o San Juan era parte tradicional do programa local.
“Quando terminam as esperanças, ainda resta o milagre”, diz o presidente da associação de veteranos da cidade, Adolfo Albornoz, um dos participantes da roda de orações.
Na medida em que a probabilidade de um resgate diminui, o sentimento religioso parece crescer. Por volta das 18h (horário brasileiro), cerca de 200 pessoas adentraram a base naval acompanhando uma romaria em devoção à Virgem de Lourdes. Alguns dos familiares dos tripulantes participavam do cortejo.
“Há uma situação de desesperança e ceticismo entre os familiares”, disse a VEJA o bispo de Mar del Plata, Gabriel Mestre. “Alguns sentem raiva porque não tiveram informações adequadas desde o início. Outras estão mais conformadas”, disse o religioso, que tem feito missas diárias em apoio às famílias dos desaparecidos.