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Contra pressão internacional, Curdistão mantém referendo

“Recusamos a ser subalternos”, disse o presidente do governo curdo em entrevista a jornal britânico

Por Da redação
22 set 2017, 18h34
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  • Estados Unidos, Reino Unido e o Conselho de Segurança já manifestaram serem contrários ao processo de emancipação do Curdistão iraquiano. Os vizinhos Irã e Turquia pressionam com medidas retaliatórias. O Iraque ameaça uma intervenção militar. Nada, contudo, será capaz de interromper o referendo agendado para o dia 25 de setembro sobre a independência curda no Iraque, de acordo com o líder do Governo Regional do Curdistão, Masoud Barzani.

    “Nos recusamos a ser subalternos”, disse Barzani em entrevista ao jornal britânico The Guardian. “Foi uma surpresa acompanhar a reação da comunidade internacional. Onde está a democracia agora? Onde estão os estatutos da ONU? Onde está o respeito pela liberdade de expressão? Depois do grande sacrifício dos peshmergas e do fim do mito do Estado Islâmico, pensávamos que esse direito [de conduzir o referendo] seria respeitado”.

    Nesta sexta-feira, em um comício para milhares de pessoas em um estádio em Erbil, capital da região autônoma do Curdistão no Iraque, Barzani bradou: “O referendo já não está em minhas mãos, nem nas dos partidos, está na de vocês”. “Estamos prontos para um diálogo sério com Bagdá, mas depois de 25 de setembro, porque agora é muito tarde”, disse o mandatário.

    Segundo as autoridades curdas, uma vitória do “sim” não resultaria na independência imediata, mas em uma pressão maior sobre Bagdá para mais concessões sobre os desacordos relacionados ao petróleo e às finanças.

    Por sua vez, Haider al-Abadi, primeiro-ministro do Iraque, afirmou no início da semana que rejeitava toda forma de referendo, “”hoje ou no futuro”, independente de quais os limites propostos na consulta.

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    Retaliações

    Os governos de Turquia e Irã manifestam sua oposição ao projeto de referendo de Barzani. A consulta, apontam especialistas na região, tem o potencial de desestabilizar ambos os países, territórios com minorias curdas expressivas.

    Nesta sexta-feira, o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, disse ao vivo em uma emissora local que o referendo é uma ameaça à segurança nacional da Turquia e que Ancara fará “o que for necessário” para se proteger. Ele não deu detalhes sobre quais seriam as medidas tomadas pelo país, cuja população curda – de 12 a 15 milhões de pessoas – corresponde a 20% de seu total.

    O general Qasem Soleimani, alto oficial da Guarda Revolucionaria Iraniana, segue no Curdistão para um último encontro com responsáveis da região, afirmou à agência France Press uma fonte curda. O representante iraniano esteve nesta sexta-feira em Suleimaniya, uma das maiores cidades do Curdistão, e depois viajará para Erbil para “advertir os responsáveis curdos que o Irã se opõe seriamente, e pedir que renunciem” à consulta, segundo esta fonte.

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    No sábado, Haider al-Abadi, primeiro-ministro do Iraque, disse em entrevista à Associated Press que, caso a população seja “ameaçada pelo uso da força além dos limites da lei, então iremos intervir militarmente”.  Para o líder iraquiano, o referendo é “uma escalada perigosa” que viola os termos de soberania da nação.

    (com AFP)

     

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