O governo do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, afirmou nesta terça-feira, 11, que não reconhecerá a decisão do Parlamento de considerar Edmundo González Urrutia, candidato que a oposição diz ter vencido as eleições contra Nicolás Maduro, o presidente eleito da Venezuela. O político de 75 anos pediu chegou à Espanha no último domingo, após pedir asilo político para fugir de um mandado de prisão.
A votação dos deputados da Câmara Baixa é um ato simbólico, uma forma de demonstrar ao regime chavista insatisfação com os resultados do pleito por falta de transparência. Dos 350 assentos, 177 parlamentares aprovaram uma moção para reconhece-lo vencedor da votação, realizada em 28 de julho.
Estados Unidos, Argentina, Uruguai, Peru, Costa Rica e Equador já declararam oficialmente que González é, de fato, o líder escolhido pelo povo venezuelano. O premiê espanhol, no entanto, segue a mesma linha que a defendida pelo Brasil, e demanda que as atas eleitorais — documentos que contém informações sobre cada zona de votação — sejam divulgadas para comprovar o suposto triunfo de Maduro.
“Pedimos a publicação dos atos, não reconhecemos a vitória de Nicolás Maduro e fazemos algo muito importante, trabalhamos pela unidade na União Europeia, para que a unidade da União Europeia nos permita ter uma margem de mediação daqui até o fim do ano”, disse Sánchez a repórteres horas antes da sessão na Câmara Baixa.
Fuga de González
Um dia após a ida às urnas, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela apontou a reeleição de Maduro com 51% dos votos, contra 44% de González, que substituiu a líder da oposição, María Corina Machado, após ser inabilitada pelo regime chavista. Em contraste, uma projeção da oposição com base em 80% dos boletins de urna que conseguiram obter mostrou vitória de González por 67% a 31% dos votos.
O principal ponto de questionamento da oposição e da comunidade internacional é que o CNE não divulgou os resultados na totalidade, por não ter publicado as atas das zonas eleitorais, que reúnem informações de cada centro de votação. Em meio à desconfiança e aos protestos ruidosos da oposição, González tornou-se alvo de um mandado de prisão pedido pelo Ministério Público e aceito pela Justiça da Venezuela, ambos alinhados ao regime, escalando a tensão em Caracas.
Encurralado, o político de 75 anos pediu asilo político na Espanha e aterrissou neste domingo, 8, na Base Aérea de Torrejón de Ardoz, nos arredores de Madri. María Corina alegou que a vida do seu aliado corria perigo.
“As crescentes ameaças, citações judiciais, ordens de prisão e até as tentativas de chantagem e coação de que ele foi objeto demonstram que o regime não tem escrúpulos nem limites em sua obsessão de silenciá-lo”, afirmou ela.