Ao menos 24 pessoas morreram em confrontos violentos entre grupos rebeldes no fim de semana na região colombiana de Arauca, perto da fronteira com a Venezuela, afirmou nesta terça-feira, 4, o ministro da Defesa, Diego Molano. Os grupos lutavam pelo controle de economias ilegais, como o tráfico de drogas, e, segundo o presidente Iván Duque, é provável que haja civis entre os mortos.
Os confrontos envolvem membros do Exército de Libertação Nacional (ELN), que é considerada a última guerrilha do país, e dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Segundo Duque, uma reunião com autoridades de segurança foi realizada desde o início dos confrontos, enquanto reforços de segurança foram enviados à região do conflito. A onda de violência ocorreu nas cidades de Tame, Fortul, Saravena e Arauquita.
“Ontem, por volta das 5 da tarde, já tínhamos o relatório oficial de 17 pessoas assassinadas. No entanto, durante a noite continuaram a aparecer e neste momento temos 24 pessoas oficialmente registradas como assassinadas”, disse Juan Carlos Villate, procurador de Justiça de Tame em entrevista à rádio local W.
De acordo com Villate, o número de mortes “pode aumentar para 50” e a violência é a pior que já testemunhou na região nos últimos 10 anos.
Entre os mortos estão comandantes intermediários dos dissidentes das Farc, outros do ELN e “simpatizantes, milicianos ou civis que foram apontados como militantes ou líderes políticos de uma organização declarada como alvo militar”, explicou Villate.
Em 2016, as Farc selaram um acordo de paz com o governo, colocando um fim no conflito de 52, participaram em 2018 de um descomissionamento supervisionado pela ONU da última de suas armas acessíveis. No entanto, o grupo formado por dissidentes conta com cerca de 5 mil guerrilheiros, sendo que 85% não fizeram parte da extinta guerrilha. O ELN, por outro lado, tem cerca de 2.500 combatentes.
Sob o mesmo acrônimo, mas com o nome Força Alternativa Revolucionária do Comum, as Farc são hoje um partido político formal na Colômbia e, pelo acordo de paz, receberam dez cadeiras no Congresso.
O governo da Colômbia acusa há anos a Venezuela de abrigar membros da ELN e dissidentes da Farc. O governo venezuelano, por sua vez, nega continuamente a acusação. Em meio à disputa de narrativas, que ainda segue, os dois países romperam relações em 2018.
“Os dois grupos tiveram proteção e guarida do regime de Nicolás Maduro […] onde há muito tempo há uma prática não só de tolerância, mas de proteção ativa destes grupos”, disse Duque, em entrevista à emissora La FM.
Em discurso em 2019 à Assembleia Geral das Nações Unidas, Duque já havia acusado o regime de Maduro de fazer parte da rede internacional de terrorismo e prometeu entregar um dossiê com provas das acusações. Como parte das provas, o presidente da Colômbia citou os depoimentos de cidadãos venezuelanos que fugiram do país, que denunciaram a existência de campos de treinamento e de aeroportos usados pelos narcotraficantes do ELN.