Ao menos 152 palestinos ficaram feridos em confrontos com a tropa de choque da polícia de Israel na Mesquista de al-Aqsa, na Cidade Velha de Jerusalém, nesta sexta-feira, 15. Três policiais israelenses também ficaram feridos e centenas de palestinos foram detidos, em um caso que retoma temores de um conflito mais amplo na região.
A maioria dos ferimentos foi causada por balas de borracha, golpes de cassetetes e granadas de efeito moral, segundo a organização não governamental Crescente Vermelho Palestino.
Em nota, a polícia israelense alegou que centenas de palestinos atiraram pedras e fogos de artifício contra policiais israelenses e contra a área de oração judaica, perto do Muro das Lamentações, após as orações matinais do Ramadã, uma importante data para os muçulmanos. O documento afirma que a polícia entrou na mesquita para “dispersar e repelir (a multidão e) permitir que o restante dos fiéis deixasse o local com segurança”.
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A mesquita é considerada pelos muçulmanos o terceiro local mais sagrado do Islã e está localizada no topo do Monte do Templo, local mais sagrado dos judeus, fazendo com que a região seja um ponto de inflamação para a violência entre israelenses e palestinos.
O caso também representa risco de uma conflagração mais ampla, como a guerra de 11 dias no ano passado entre Israel e o Hamas, que controla a Faixa de Gaza. A maior escalada de violência na região em anos deixou mais de 230 palestinos e 12 israelenses mortos, além de mais de 1.600 feridos.
Em publicação no Twitter, o porta-voz do premiê israelense, Naftali Bennett, afirmou que centenas de palestinos foram detidos e que forças israelenses estão “prontas para qualquer tarefa”.
A Autoridade Palestina, por sua vez, afirmou que Israel é “total e diretamente responsável por esse crime e suas consequências”.
“Uma intervenção imediata da comunidade internacional é necessária para deter a agressão de Israel contra Al-Aqsa e evitar que as coisas saiam do controle”, disse Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas.
O aumento de violência, que alimenta tensões em locais sagrados na região, acontece no auge do Ramadã, período mais sagrado para os muçulmanos, às vésperas da Páscoa judaica, que também coincide com a Semana Santa para os cristãos.
Desde março, forças israelenses mataram 29 palestinos na Cisjordânia, em maioria civis, após uma série de ataques contra o que o governo israelense diz ser grupos radicais islâmicos. Israel sofreu quatro ataques que deixaram 14 mortos, dois feitos por árabes israelenses ligados ao Estado Islâmico e dois feitos por palestinos da região de Jenin.
Na semana passada, ao menos duas pessoas morreram e várias ficaram feridas após tiroteio em um bairro lotado de bares e restaurantes em Tel Aviv. Após o caso, Bennett deu o que chamou de “liberdade de ação” às forças israelenses.
Na quarta-feira, dois jovens palestinos e um advogado foram mortos na Cisjordânia e, um dia depois, mais três palestinos foram mortos.
Em meio às tensões, líderes palestinos, jordanianos e israelenses se reuniram para buscar soluções, incluindo a emissão de milhares de autorizações de trabalho adicionais para palestinos da Faixa de Gaza.
Antes do ataque da semana passada, o governo de Israel havia dito que permitiria que mulheres, crianças e homens com mais de 40 anos da Cisjordânia ocupada rezassem na mesquita de al-Aqsa, nas primeiras orações semanais do Ramadã.
Israel capturou os territórios da Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental na Guerra dos Seis Dias, em 1967, em um movimento não reconhecido por toda a comunidade internacional. Os palestinos demandam que as três regiões formem seu futuro Estado.