A brasileira Patricia Lelis foi formalmente acusada em 12 de janeiro de uma série de fraudes nos Estados Unidos. Procurada pelo FBI, ela teria recebido US$ 700 mil (cerca de R$ 3,4 milhões) após ter se passado por advogada de imigração em processos de vistos E-2 e EB-5, que concedem residência americana por investimentos e geração de empregos no país.
Acusada de fraude eletrônica, roubo de identidade agravado e transações monetárias ilegais, Lelis alega ser vítima de perseguição política – nas redes sociais, ela afirmou que teve acesso a documentos sigilosos que comprovariam o interesse dos EUA em extrair petróleo na Venezuela. A brasileira pode ser condenada a até 20 anos de prisão.
O caso chamou a atenção de brasileiros que têm interesse em morar nos Estados Unidos e aumentou as preocupações com possíveis golpes. O advogado Marcelo Gondim, da Gondim Law Corp, escritório em Los Angeles especializado em processos de imigração, adverte que os interessados em aplicar para o processo precisam solicitar o número de registro do advogado.
“Para ser advogado nos Estados Unidos, é preciso passar no Bar Exam, que é o exame que habilita o exercício da advocacia em território americano. Este exame é aplicado pela National Conference of Bar Examiners (NCBE)”, explica. “Cada estado possui critérios diferentes, mas os dois principais requisitos para que você possa realizar o Bar Exam e praticar a advocacia nos Estados Unidos são, além de um diploma de bacharel, o título de JD (Juris Doctor) ou de LLM (Legum Magister).”
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De olho nas credenciais
Em primeiro lugar, o aplicante ao visto pode procurar pelas credenciais no portal da Associação Estadual de Advogados (BAR), caso não queira questionar diretamente o advogado. A checagem pode ser feita, ainda, no site da American Immigration Lawyers Association (AILA). Pesquisar o preço base de escritórios também pode abrir os olhos dos brasileiros, que passarão a desconfiar de valores muito baixos.
“Outro conselho é sempre ficar atento quando um escritório oferece muitas facilidades e promessas que não podem ser cumpridas. Afinal, não existe aprovação garantida para nenhum processo imigratório”, recomendou.
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Disparo nos golpes
Além disso, Gondim informou que os casos de golpes relacionados à imigração cresceram nos últimos oito anos, em decorrência da flexibilização de categorias imigratórias e do progressivo interesse de estrangeiros pelas cidades americanas. Ele acrescenta que os processos de visto propiciam esquemas ilegais lucrativos, que envolvem desde a representação ilegal de clientes até a criação de agências de emprego e fundos de investimentos de fachada.
“Além dos prejuízos financeiros, uma pessoa enganada por advogados pode acabar ficando ilegal no país e até mesmo ser deportada, já que muitos clientes são orientados a já se mudaram para os Estados Unidos antes mesmo da conclusão de seus processos imigratórios”, alertou.