O senhor estava no Afeganistão, em maio de 2011, monitorando a distância a ação que matou Bin Laden. Foi também o responsável por reconhecer o corpo dele. O que mais o marcou naquela missão? Uma operação militar precisa de muito planejamento, mas não sabíamos se o complexo onde ele estava escondido tinha armadilhas explosivas ou minas terrestres. Nem se Bin Laden estaria usando um colete explosivo. Havia muitas variáveis desconhecidas. Mas, ainda sim, fomos lá e cumprimos a missão porque era a coisa certa a ser feita.
Reportagem de capa: Vitória do Talibã ameaça novo mergulho do Afeganistão no obscurantismo
A morte de Bin Laden não necessariamente deixou o mundo mais seguro, não é mesmo? O objetivo da missão era levar Bin Laden à Justiça por suas ações em 11 de setembro de 2001. Muitos achavam que ele não comandava mais nada e estava ocupado em se esconder. Na verdade, o que nossa Inteligência mostrou é que ele continuava planejando operações contra os Estados Unidos e nossos aliados. Estamos mais seguros hoje, sim. Tenho certeza. Isso significa que o mundo todo está a salvo? Não. Ainda temos muitos problemas.
Carta ao Leitor: Avanço dos radicais representa um ataque à natureza do islamismo
A retirada das tropas americanas do Afeganistão mostrou que a instabilidade continua. Há uma solução para a paz naquela região? Eu me preocupo com o ressurgimento do Talibã. Todo o progresso que fizemos em termos de direitos das mulheres poderá retroceder. Também me preocupa a imigração e a estabilidade do país. Não só a volta do Talibã, como outros grupos extremistas vão avançar no Paquistão. Os Estados Unidos continuarão de olho no Afeganistão e no Paquistão, mas remotamente.
Leia também: Livro mostra o 11 de setembro pela ótica de quem viveu o episódio de perto
O senhor lançou recentemente o livro O Código do Herói. Sobre o que se trata? As pessoas sempre me perguntam que heróis me inspiraram. Fui buscar a definição de herói e descobri que ele é feito de valores e nobres qualidades que qualquer pessoa pode ter. Elenquei dez delas e conto dez histórias inspiradoras que fazem uma pessoa ser considerada herói, tanto na vida militar quanto na vida civil ou no trabalho.
Publicado em VEJA de 25 de agosto de 2021, edição nº 2752