O sindicatos da França coordenaram uma greve nacional nesta quinta-feira, 23, rejeitando a polêmica reforma previdenciária do presidente Emmanuel Macron, que aumenta a idade da aposentadoria de 62 para 64 anos. O governo aprovou o projeto de lei na semana passada sem votação no Parlamento, provocando o nono dia de protestos em massa desde janeiro.
Há meses, manifestações esporádicas pipocam por todo o país, mas a demonstração desta quinta-feira marca a primeira ação coordenada de opositores da reforma. A polícia foi notificada sobre mais de 200 protestos em toda a França e se prepara para uma marcha de centenas de milhares de pessoas em Paris. Cerca de 12 mil policiais foram mobilizados, incluindo 5 mil apenas na capital, na expectativa de conter qualquer violência durante os protestos.
Os setores de transportes e energético também serão afetados pelos atos. O transporte público de Paris será paralisado e 50% dos trens de alta velocidade do país serão cancelados. O tráfego aéreo também deve cair, com 30% dos voos afetados só no aeroporto de Paris Orly. Algumas das maiores refinarias de petróleo do país também serão bloqueadas.
Grande parte da população critica a proposta do governo de aumentar a idade de aposentadoria no país. Porém, Macron não recuou do seu plano e forçou a legislação através da Assembleia Nacional, usando uma cláusula constitucional que permite que o governo aprove a proposta sem o aval de deputados.
“A melhor resposta que podemos dar ao presidente da República é ter milhões de pessoas em greve e nas estradas”, disse Philippe Martinez, secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho, um dos dois maiores sindicatos da França.
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Macron e seus apoiadores afirmam que a reforma é necessária para manter o sistema previdenciário funcionando. De acordo com eles, no contexto atual, o sistema acabaria por falir devido a nascimentos de menos e idosos que vivem cada vez mais tempo, embora a ameaça não seja imediata.
Segundo projeções do governo, o rombo na previdência deve chegar a 13,5 bilhões de euros (R$ 76,7 bilhões) até 2030. Macron defendeu na quarta-feira 22 que o projeto de lei deve ser promulgado até o final deste ano, por mais impopular que seja.
“É do maior interesse do país. Entre as pesquisas de opinião e o interesse nacional, escolhi o interesse nacional”, disse o presidente francês.