O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, aterrissou nesta segunda-feira, 18, em Tel Aviv para discutir a nova fase da guerra entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas, iniciada em 7 de outubro. Com fama de crítico, Austin embarcou nesta nova visita com um discurso mais duro, e procura colocar a proteção de civis palestinos como prioridade. A viagem ocorre após as mortes, por engano, de três reféns israelenses pelos próprios soldados do país e às vésperas da marca de 20 mil vítimas na Faixa de Gaza.
A primeira visita de Austin a Israel foi marcada pela discordância. Na ocasião, ele alertou seu homólogo israelense, Yoav Gallant, e o chefe militar do país, tenente-general Herzi Halevi, de que o número de soldados enviados para a fronteira de Gaza e os ataques aéreos foram excessivos – uma visão não compartilhada pelo governo local, que reafirma seu direito à autodefesa a todo custo.
Na viagem desta segunda-feira, Austin foi recebido pelo diretor do departamento de política de Israel, Dror Shalom; pela encarregada de negócios, Stephanie Hallet; e pelo general Charles Quinton Brown, presidente do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos. Sua missão, além disso, é amenizar a falta de sintonia entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
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Duras críticas
O secretário da Defesa coleciona uma série de comentários polarizantes sobre a condução da guerra contra o Hamas. Enquanto os republicanos linha-dura condenam Austin por não ser pró-Israel o suficiente, ele tem o apoio de críticos aos intensos e incessantes bombardeios contra o enclave palestino.
Em discurso no Fórum de Defesa Nacional Reagan, no início deste mês, o general relembrou sua controversa experiência no exército americano. No posto de general, ele não foi infalível: milhares de mortes de civis em explosões no Afeganistão, no Iraque e na Síria fazem parte do seu currículo. Austin, no entanto, afirma ter aprendido com as consequências das suas ações no campo de batalha e empunha a bandeira de que a proteção dos inocentes é o único caminho para o fim do conflito no Oriente Médio.
“Aprendi algumas coisas sobre a guerra urbana durante o período em que lutei no Iraque e liderei a campanha para derrotar o Estado Islâmico”, disse ele. “A lição é que só se pode vencer na guerra urbana protegendo os civis.”
Não foi a primeira nem a última vez que Austin expressou seu descontentamento com os métodos do país aliado. Na visita inaugural a Tel Aviv, ele apontou para a necessidade da criação de corredores humanitários e a importância de uma campanha aérea direcionada, sem bombas imprecisas e com campanhas terrestres limitadas. Dias após o retorno às terras americanas, suas sugestões foram oficializadas em uma declaração do Pentágono.
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Desgaste EUA-Israel
Em meio à escalada de vítimas palestinas, Biden subiu o tom com Israel, de quem é aliado próximo, na última terça-feira 12. Em evento de arrecadação de fundos para a campanha de 2024, o democrata disse que os bombardeios “indiscriminados” contra Faixa de Gaza farão com que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, perca apoio internacional.
“A segurança de Israel pode repousar nos Estados Unidos, mas neste momento tem mais do que os Estados Unidos. Tem a União Europeia, tem a Europa, tem a maior parte do mundo… Mas [os israelenses] estão começando a perder esse apoio devido aos bombardeios indiscriminados”, alertou.
“Ele [Netanyahu] tem que mudar este governo. Este governo em Israel está tornando tudo muito difícil”, continuou, em uma clara divergência ao antes declarado apoio “sólido e inabalável” de Washington a Tel Aviv.