A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou nesta sexta-feira, 10, uma resolução que pede o reconhecimento da Palestina como um estado soberano, bem como a entrada do país no organismo internacional e a defesa dos direitos dos palestinos. A medida, que teve apoio e patrocínio do Brasil, no entanto, não tem poder de execução. Ainda precisa passar pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, no qual os Estados Unidos já vetaram proposta semelhante, no mês passado.
O texto passou com 143 votos a favor e nove contra, entre eles os dos Estados Unidos e de Israel, além de 25 abstenções. Eram necessários dois terços dos membros do organismo internacional (128 de 193) para que a resolução fosse aprovada. Agora, o texto pede que o Conselho de Segurança reconsidere sua posição.
O resultado revela um maior isolamento do governo americano na defesa de Israel, que já vem sofrendo abalos. Nesta semana, a administração do presidente Joe Biden anunciou a suspenção do envio de certas bombas em resposta à iminente invasão israelense de Rafah, cidade no sul de Gaza que abriga cerca de 1,4 milhão de civis palestinos, mais da metade da população do enclave.
Histórico no Conselho
Em abril deste ano, Washington apresentou o único veto a uma resolução para autorizar o Estado da Palestina a ser membro pleno das Nações Unidas, o equivalente reconhecê-lo como país soberano e independente. O governo americano, embora defenda a criação de uma nação para o povo palestino, alega que a medida deveria ser resultado de uma negociação com Israel, e não um ato por parte da comunidade internacional.
Como os Estados Unidos têm poder de veto (bem como China, Rússia, França e Inglaterra), o Conselho de Segurança não aprovou a proposta.
Luta pelo reconhecimento
O Estado Palestino é reconhecido por 144 países, mas não pelas Nações Unidas, o que seria um passo decisivo no real estabelecimento de uma nação. A resolução atual foi apresentada pelos Emirados Árabes Unidos, em nome de outros países árabes, que defendem que a atual guerra na Faixa de Gaza põe em risco a chamada “solução de dois estados” — uma coexistência pacífica entre Israel e Palestina — para o conflito no Oriente Médio.
“Ao apoiar a resolução, a comunidade internacional se recusa a abrir mão dos direitos dos palestinos. Esse é um escudo”, disse o bloco árabe em comunicado.
Uma derrota no Conselho de Segurança, porém, pode ser interpretada como aval para que Israel continue sua ofensiva — inclusive invadindo Rafah.